O Algarve está a participar num estudo europeu sobre o uso de tecnologia fotovoltaica que visa perceber as vantagens de implementar um sistema diferente de cedência de energia por parte de privados à rede eléctrica geral.
Actualmente, em Portugal, o pequeno produtor de energia eléctrica a partir de painéis fotovoltaicos pode injectar o excedente produzido na rede eléctrica geral através da venda da mesma mas o conceito de “net metering”, sistema de compensação de energia eléctrica, em estudo, dá outra alternativa, explicou à Lusa o coordenador do estudo em Portugal, Walter Martins.
“É contabilizado esse valor de energia excedente enviada para a rede para posterior utilização do próprio utilizador numa altura em que ele próprio possa necessitar, por exemplo à noite ou ao fim de semana”, observou o coordenador português.
O estudo está a ser gerido em Portugal pela Agência Regional de Energia do Algarve (AREAL) e envolve ainda o Chipre, a Grécia, a Eslovénia, a França e a Espanha.
No Algarve, o projecto começou em 2013 e implicou a monitorização ao longo de um ano em unidades de microgeração em residências particulares em Portimão, Boliqueime, Loulé, Albufeira e Tavira e na Biblioteca Municipal de Olhão, sendo por isso a Câmara de Olhão a única autarquia envolvida.
Câmara de Olhão está envolvida no estudo
À instalação fotovoltaica piloto existente na Biblioteca Municipal, foi adicionada uma estação meteorológica que permitiu ao longo do período de um ano recolher todo o tipo de informação energética e meteorológica necessária para o estudo do sistema de compensação de energia eléctrica denominado “net metering”.
Além da vantagem de aquela autarquia estar envolvida num estudo técnico de âmbito europeu, o chefe de divisão de conservação, manutenção e energia da Câmara de Olhão, Laranjo Martins, sublinhou que, estando as energias renováveis na ordem do dia, faz sentido apostar e estar disponível para participar neste tipo de estudos.
Segundo Walter Martins, os dados já obtidos apontam “para rentabilidade ao fim de oito a 12 anos para este tipo de solução”.
A tendência será para que o período para obtenção de rentabilidade reduza cada vez mais, dado que o preço da energia eléctrica da rede geral está a aumentar e o preço dos equipamentos fotovoltaicos está a diminuir, acrescentou.
Ao nível dos restantes parceiros as conclusões já disponíveis apontam, por exemplo, para que no caso da França não seja tão apetecível este tipo de investimento uma vez que a energia eléctrica é muito barata, porque aquele país tem várias centrais nucleares.
Na Eslovénia a pouca radiação solar também parece ser um obstáculo à rentabilidade deste tipo de investimento, referiu Walter Martins.
(Agência Lusa)