A Câmara de Alcoutim alertou ontem para a inexistência de médico de família naquela vila, situação que se prolonga há mais de dois meses e que afecta a prestação de cuidados de saúde primários em todo o concelho.
Em comunicado, o presidente da autarquia, Osvaldo Gonçalves, mostrou-se indignado com a morosidade na resolução do problema, questionando se haverá, para além de si, alguém “verdadeiramente preocupado com a prestação de cuidados de saúde primários à população” do concelho, dispersa por mais de cem povoações.
Contactada pela Lusa, fonte da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve indicou apenas que a prestação desses serviços médicos foi adjudicada “durante a passada semana” e que se prevê que seja colocado um médico na Unidade de Saúde Familiar (USF) de Alcoutim “dentro de poucos dias”.
A mesma fonte acrescentou que, enquanto a colocação não se verificar, a ARS/Algarve assegurará os serviços médicos através do destacamento de um médico do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Sotavento, “sem comprometer a prestação de cuidados aos utentes que pertencem aos outros centros de saúde daquele agrupamento”.
Problema da falta de médico recomeçou no início do ano
Segundo a autarquia, a situação remonta a Outubro de 2015, quando “infortúnios vários” comprometeram a assiduidade dos dois médicos que asseguravam esse serviço, tendo o concelho ficado dependente do único médico disponível, colocado a mais de 30 quilómetros de Alcoutim, na Extensão de Saúde de Martim Longo.
Após diligências por parte da Câmara, a ARS/Algarve recorreu à prestação de serviços de uma empresa, colocando uma médica “que cumpria integralmente os requisitos” para desempenhar aquelas funções. A solução era, no entanto, provisória e dependia de um novo procedimento com a empresa prestadora de serviços.
Segundo a autarquia, o problema da falta de médico recomeçou no início do ano, em Janeiro, “ora por falta de verba para contratar, ora por falta de autorização da despesa por parte do Ministério da Finanças, num processo moroso e burocrático”.
Como alternativa, e para não prolongar a situação, o município propôs à ARS/Algarve assumir a contratação e as despesas financeiras inerentes, proposta inicialmente aceite por aquela administração, que autorizou que a autarquia mantivesse a médica que tinha estado colocada até ao final de Dezembro.
Contudo, dois dias antes do início da prestação de serviços, o presidente da Câmara foi informado pelo ACES do Sotavento de que a solução encontrada “não estaria a ser muito bem vista” e de que “não seria possível autorizá-la”, pelo que o município teria que esperar por uma solução da própria ARS.
“Ninguém de bom senso consegue entender esta morosidade na resolução do problema e os cidadãos de Alcoutim não aceitam que a crise seja desculpa para tudo”, conclui a autarquia.
(Agência Lusa)