A empresa Água Monchique, uma das principais do concelho devastado pelo incêndio deste mês, já retomou a produção e garante que a qualidade da água não foi afectada, apesar dos prejuízos que rondam os 600 mil euros.
Em declarações à agência Lusa, o presidente executivo da sociedade Água Monchique, Vítor Gonçalves, indicou que “a soma dos prejuízos ou da impossibilidade de facturação ronda os 550/600 mil euros”.
Em causa estão “os custos da paragem, da não facturação, da não distribuição do produto no mercado, o que nos impediu de desenvolver a atividade normal” durante 10 dias, precisou o responsável.
Além dos oito dias em que a produção esteve suspensa devido ao fogo, a empresa precisou ainda de mais dois para assegurar a limpeza da fábrica e que “a qualidade da água se mantinha inalterada”.
Sobre esta última questão, o responsável garantiu que a qualidade na água não foi afectada, já que o aquífero se encontra a 900 metros de profundidade, mas notou que a empresa estabeleceu “novos procedimentos de segurança, mais apertados”.
“Só reunidas todas as condições de segurança é que iniciámos a produção”, o que aconteceu na quarta-feira da semana passada, explicou Vítor Gonçalves, acrescentando que os ‘stocks’ no mercado estão agora a ser repostos e deverão estar “nos seus níveis normais” dentro de duas semanas.
De acordo com o presidente da Água Monchique, a empresa registou ainda danos materiais, já que alguns equipamentos ficaram destruídos ou inutilizados, mas equivalem a “valores, ainda assim, relativamente reduzidos, tendo em conta a grandeza da calamidade”.
O incêndio rural de Monchique, que destruiu perto de 28 mil hectares, deflagrou em 03 de agosto e foi dado como dominado uma semana depois, no dia 10. Atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).
A fábrica situa-se em Caldas de Monchique, uma das freguesias afectadas pelo incêndio
A fábrica da Água Monchique situa-se em Caldas de Monchique, uma das freguesias afectadas pelo incêndio, e emprega 35 pessoas, sendo esta empresa uma das maiores empregadoras da zona a seguir à Câmara Municipal.
É também das companhias com maior peso económico. Em 2017, a Água Monchique teve uma faturação de 10 milhões de euros e, este ano, previa chegar aos 13 milhões de euros.
“Temos sempre vindo a crescer a dois dígitos e portanto este incêndio, obviamente, vai ter influência na performance anual da empresa”, admitiu Vítor Gonçalves, reconhecendo que a empresa não deverá “superar os números do ano passado”.
“Os 10 dias parados deixam a sua marca nas contas anuais da empresa, a nível de faturação e de resultados”, adiantou, recusando, contudo, que a solidez da companhia tenha sido afetada, já que tem uma “estrutura suficientemente forte”.
Questionado sobre futuros projetos, o responsável falou, sem pormenorizar, numa futura expansão da fábrica em Monchique e no alargamento do portefólio da marca.