Uns continuam à espera que o processo de asilo se conclua, outros estão fora do alcance das autoridades à espera de serem deportados. Mas há também quem tenha viajado para outros países da União Europeia como Espanha, França ou Itália, segundo a jornalista da Grande Reportagem SIC conseguiu apurar através das redes sociais.
Entre dezembro de 2019 e setembro de 2020, desembarcaram ilegalmente em praias do Algarve 97 marroquinos, cujo atual paradeiro de alguns é desconhecido pelas próprias autoridades portuguesas.
Segundo a investigação da recente Grande Reportagem SIC, sobre onde se encontram os marroquinos que desembarcaram ilegalmente em praias do Algarve, fica-se a saber que “uns continuam à espera que o processo de asilo se conclua, outros estão fora do alcance das autoridades à espera de serem deportados”. Mas também há “quem tenha viajado para outros países da União Europeia como Espanha França ou Itália”.
À procura de uma vida melhor, tiveram que navegar entre 45 e 50 horas em pequenos barcos de seis metros, cruzando o Oceano Atlântico com o sonho de chegar à Europa.
Dos que desembarcaram no Algarve, quase todos são adultos, muitos jovens, mas também há menores e mulheres. Uma delas “saiu de Marrocos grávida para fugir à vergonha de ser mãe solteira. Lá, as relações sexuais fora do casamento são criminalizadas e as mães solteiras são maltratadas, discriminadas e rejeitadas pelas famílias”.
A reportagem da SIC encontrou-a já mãe, “a viver de um pequeno subsídio e envolvida na teia de uma justiça lenta que tarda em dizer-lhe se pode ou não ter estatuto de refugiada e trabalhar”.
Dos 97 clandestinos, só oito regressaram a Marrocos. A pedir asilo foram 67, mas nenhum o conseguiu: “têm quase todos ordem de afastamento coercivo do país”.
Quando a reportagem procurou saber onde se encontravam os que cá ficaram, muitos já não estavam em Portugal: “viajaram para outros países europeus onde têm familiares”.
“Dos que ainda cá estão, uns continuam à espera da resposta dos tribunais. Outros, desistiram do pedido de asilo e optaram por um contrato de trabalho que lhes permita obter autorização de residência em Portugal”, revela a investigação jornalística.
Logo a seguir ao primeiro desembarque em Monte Gordo, em dezembro de 2019, as autoridades marroquinas abriram um inquérito e prenderam 23 pessoas.
Em Portugal também foi aberto um processo, mas ainda não está fechado. Sabe-se que o SEF e o Ministério Público estão a investigar se houve “crimes de auxílio à imigração ilegal”.
Ainda segundo divulgou a reportagem, seis barcos utilizados na viagem partiram de El Jadida, a antiga colónia portuguesa de Mazagão, que fica na costa atlântica de Marrocos, a 90 quilómetros a sul de Casablanca.
A cidade de El Jadida é a capital de uma província com o mesmo nome e conhecida pela produção de fosfato. Está classificada pela Unesco e é uma das sete maravilhas de origem portuguesa no mundo.