O chefe da Divisão de Geofísica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera disse à Lusa que o tremor de terra, esta segunda-feira ocorrido, “serve para alertar para o risco sísmico” em Portugal e para o “potencial problema” de determinadas construções.
“Não temos que estar especialmente preocupados, é uma oportunidade para refletirmos, serve para alertar para o risco sísmico”, assinalou o geofísico Fernando Carrilho, apontando “questões a montante” preocupantes e o “potencial problema” de casas e infraestruturas antigas que “não estão preparadas para resistir a um sismo”.
Quanto às construções novas, Fernando Carrilho admitiu que a fiscalização no plano de obra do cumprimento da regulamentação antissísmica é “capaz de falhar”.
Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter, com o epicentro localizado a cerca de 60 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal, foi registado esta segunda-feira às 05:11, sem causar danos pessoais ou materiais.
O abalo teve uma intensidade máxima de IV/V na escala de Mercalli, classificada como moderada a forte, sendo seguido de seis réplicas de magnitude inferior, variável entre 0,9 e 1,6, segundo uma informação atualizada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O terramoto foi sentido em várias zonas de Portugal continental, com maior intensidade nas áreas de Setúbal, Lisboa, Beja, Faro, Santarém e Leiria, de acordo com a mesma informação.
Fernando Carrilho sublinhou que “pequenos sismos” como o desta segunda-feira podem evoluir para “réplicas mais pequenas” em zonas próximas.
“Libertam muito pouca energia e não nos salvaguardam de um grande sismo” no futuro, ressalvou.
Há cerca de 15 anos que Portugal continental não registava um sismo tão forte.
Em dezembro de 2009 houve um abalo com uma magnitude de 6.0, mas com epicentro mais distante, 185 quilómetros a oeste de Faro.
O sismo desta segunda-feira, apesar de ter tido uma magnitude “mais baixa”, registou-se “mais próximo de zonas com maior densidade populacional”, pelo que foi “mais sentido, por muita gente”, frisou Fernando Carrilho.
O IPMA recebeu, “decorridas as primeiras horas pós-sismo”, mais de dez mil testemunhos dos efeitos do abalo através de um questionário disponível no seu portal.
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