As bibliotecas são espaços de cultura, não se circunscrevem a ser repositórios de conhecimento na imobilidade e silêncio.
A estrutura de uma biblioteca, há muito, já não é a de uma sala de leitura, mas sim a de um espaço que disponibiliza uma multiplicidade de recursos. A profusão de valências dentro da mesma, hoje em dia, faz com que ela seja inevitavelmente um espaço de dinamização cultural diversificada e dirigida a uma pluralidade de públicos.
Encontros com escritores, debates, tertúlias, sessões de conto, feiras do livro, palestras sobre as mais diversas temáticas, visitas guiadas, clubes de leitura, de escrita e outros, oficinas de expressão plástica e não só, ações de formação na área da informática, mas também em outras, mostras bibliográficas, exposições de pintura, escultura, fotografia e não só, concursos, conferências e colóquios, cinema, música, dança e até mesmo teatro são algumas das atividades a que podemos assistir e nas quais podemos participar, nas bibliotecas de todo o Algarve.
A grande diversidade não se verifica, no entanto, somente ao nível das atividades, mas igualmente ao nível dos públicos a que as mesmas se destinam. Desta forma, encontramos atividades cujos alvos vão, especificamente, desde a camada mais nova, os bebés, a infância, a adolescência ou juventude, até à idade adulta e sénior ou para a família no seu todo. Também as escolas, os lares, os centros de dia, as unidades de cuidados paliativos, os hospitais ou as prisões se encontram representados nos públicos para os quais as bibliotecas elaboram a sua programação cultural e com quem trabalham regularmente.
No último ano, as Bibliotecas viram os seus espaços encerrados e ou o seu acesso condicionado devido à pandemia. Surgiu daí a necessidade de se recriarem a si mesmas, pelo imperativo da manutenção de uma oferta cultural regular, às comunidades onde se inserem e que servem. Assim, e na impossibilidade de o fazerem presencialmente, recorreram às ferramentas digitais. Foram idealizadas novas e inovadoras atividades, com base nos recursos humanos já existentes, que deram prova da sua versatilidade, por vezes contratualizando e por vezes também contando com a colaboração dos seus leitores, na criação de novos conteúdos. Encontros com escritores, oficinas, sessões de leitura para adultos, sessões de conto para os mais novos, clubes de leitura e não só passaram então a ter existência e assistência on-line.
Apesar da situação pandémica, com que todos nos temos vindo a confrontar, as bibliotecas conseguiram manter o contacto regular com os seus leitores, manter a normalidade possível e assim minorar o inevitável confinamento vivido, mantendo o seu compromisso com a comunidade.
Maria Assunção Constantino e Mariana Ornelas do Rego
(Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António)