A credibilidade da Política não se instala pela publicação de uma lei, mas pela prática da honestidade, para isso é necessário que cada um dos actores tenha honestidade intelectual consigo próprio.
Não se trata apenas de responsabilizar todos os desonestos, oportunistas e incompetentes. A clientela partidária tem que ser escrutinada pelos órgãos partidários, com inteligência e com ‘olhos de ver’ para não prejudicarem o próprio partido a que pertencem.
Nas eleições autárquicas é notório que há candidatos a fingir, na tentativa de beneficiar o seu partido ou a sua agenda pessoal.
Há candidatos que por não serem eleitos ‘presidente’ não ocupam o lugar de vereador que corresponde à votação obtida apesar de jurarem, durante a campanha eleitoral, que querem defender os interesses dos eleitores do concelho, nada mais falso, têm uma agenda oculta que tentam cumprir.
Suponhamos um político com experiência autárquica, boa ou má, honesta ou nem tanto, cuja agenda pessoal seja dirigir indirectamente a autarquia. Convence o seu partido que o sr. X é a pessoa indicada para a candidatura à presidência apesar de não ter experiência autárquica, e ele próprio para a presidência da assembleia municipal, há muitos argumentos retóricos para levar a água ao seu moinho. O sr. X até pode já estar escolhido para a candidatura e o nosso candidato imaginário entrar com o ‘comboio em andamento’. Se o seu partido ganhar as eleições ele dirá que tinha razão e satisfaz os seus interesses sem precisar de apor a sua assinatura, basta a influência da posição do lugar que ocupa, a responsabilidade é do presidente. Se o partido não conseguir eleger o presidente, mas se ele ganhar a assembleia municipal não aceita o cargo porque não satisfaz a sua agenda pessoal. Uma situação deste tipo é uma canalhice para o seu próprio partido e descredibiliza a política e o partido a que pertence.
Quando os desonestos tomam conta dos partidos é o país que sofre. Temos um forte exemplo desta realidade.
O serviço público em prol da comunidade não é entendido como tal, serve apenas para o seu ‘engrandecimento’ pessoal. Uma coisa é a retórica balofa e malcheirosa, outra coisa é a realidade concreta do caracter desses malfadados personagens.
Nas campanhas eleitorais não há discussão de ideias ou estratégias para o futuro do país, nem sequer existem propostas sérias, apenas promessas sem qualquer base sólida de exequibilidade das mesmas, mais parece um concurso de promessas onde todos sabem que nenhuma delas verá a luz do dia. É a realidade ao nível nacional e ao nível local como se se tratasse de um clube de futebol.
Os dois últimos actos eleitorais legislativos são o exemplo concreto onde houve promessas eleitorais que não foram cumpridas.
A cerca de seis meses das eleições, começam a surgir notícias de disputas internas nos partidos, todos querem ser candidatos em lugares elegíveis, atropelam-se porque os ordenados e mordomias são muito atrativos. Nos pequenos partidos há dirigentes locais que são eternos candidatos e boicotam sorrateiramente todos aqueles que lhes possam fazer frente internamente. Apregoam a democracia, mas, sem qualquer coerência, falham na sua prática.
Em todos os partidos existem pessoas competentes e honestas, fixo perplexo quando vejo estas pessoas enredarem-se por esta escumalha que não valem a água que bebem.
Os partidos têm que criar mecanismos internos que façam um escrutínio rigoroso de quem pode ou não ocupar cargos públicos e quando fazem promessas devem ser exequíveis.
A credibilidade política não é nenhuma panaceia, não é por acaso que a abstenção tem vindo a aumentar, o Povo pode ser analfabeto funcional, mas não é ignorante.