De tempos a tempos houve-se falar na falta de água no Algarve, uns dizem que é por causa da agricultura, outros dizem que é por causa do turismo, mas são poucos os que falam na crescente desertificação e redução drástica da pluviosidade.
Entrámos no Verão, estamos em plena época seca, a barragem de Odeleite estava em 30/06/2021 com 61,8% da sua capacidade, não se espera que chova abundantemente até ao final de Setembro, tem havido um aumento significativo de área irrigada, uma estimativa empírica simples sobre o consumo de água, indica-nos que nos meses de verão o consumo mensal de água é de cerca de 5% da capacidade hidrográfica de armanezamento, pelo que no final de Outubro o armazenamento deve situar-se muito próximo dos 40%, o que manifestamente não chega para o verão do próximo ano e se não chover ou se chover pouco no inverno, como vai ser no próximo ano?
Alguns autarcas algarvios já foram à Andaluzia ver as estações de dessalinização da água do mar, já houve quem anunciasse muitos milhões para resolver o problema da falta de água. É possível que existam projectos de diversa ordem, mas obras não as vejo. Ora as populações e a economia local não precisam de anúncios indefinidos nem de relatórios e projectos muito bonitos e literariamente bem concebidos, o que faz falta é água. Façam com que ela apareça com transvases, ou com dessalinização ou com a dança da chuva, mas arranjem-na!
Se o problema é do poder central, porque é que os autarcas ainda não mobilizaram as populações e a imprensa para fazerem manifestações maciças a exigir as obras? Será que estão à sombra do partido e não querem levantar ondas para não se “molharem”?
É típico dos militantes entachados de um certo partido político em empurrarem os problemas para a frente com a barriga, normalmente são pessoas sem capacidade para desempenharem os cargos que ocupam, não têm capacidade para formularem cenários para o futuro, nem capacidade analítica, nem capacidade de decisão, só sabem viver com expedientes politiqueiros ao sabor das marés.
A desertificação do sul do país é uma realidade e a alteração climática é avassaladora, por outro lado uma estação dessalinizadora ou as infraestruturas para transvase não se fazem em dois ou três meses quando faltar a água. Os anos chuvosos das décadas de 50 e 60 não voltam. Por isso espero que as obras não demorem a ser iniciadas.