O Ministério Público (MP) de Faro acusou 71 pessoas pelos crimes de falsidade informática, branqueamento de capitais e associação criminosa, algumas das quais pertencentes à organização criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC), foi esta segunda-feira divulgado.
De acordo com uma nota publicada no portal da Procuradoria-Geral Regional de Évora, os arguidos, de nacionalidades portuguesa e brasileira, mas também oriundos de países africanos, dedicavam-se à captura de dados e códigos de acesso a contas bancárias, às quais acediam e subtraiam dinheiro.
Segundo o Ministério Público, os arguidos atuavam pelo método denominado como ‘phishing’, ao criarem uma página falsa idêntica às das instituições bancárias, para convencerem as vítimas de que estariam a aceder aos portais verdadeiros dos seus bancos e aí inserirem as credenciais de acesso às contas.
Na posse dos dados, os criminosos entravam na conta bancária da vítima através da página verdadeira do banco e programavam uma transferência monetária para uma conta bancária de um outro elemento ligado à organização, detalha o MP.
Posteriormente, adianta, fazendo-se passar por um funcionário do banco, telefonavam à vítima a informá-la de que tinham detetado uma operação bancária falsa, e que para a anularem precisavam do código que o banco lhes ia enviar para o telemóvel.
Os arguidos criavam então uma segunda página onde espelhavam a operação fraudulenta, à qual a vítima acedia, já convencida de que se tratava de verdadeiros funcionários do banco e que queriam anular a transferência.
Como os arguidos permaneciam ao telefone com a vítima, esta dizia-lhes o código que lhes permitia validar a operação de transferência bancária, circulando depois o dinheiro por várias contas bancárias entre o Portugal e o Brasil, de modo a ser branqueado, lê-se na nota.
Para o MP, o êxito do crime está relacionado na rapidez com que as operações informáticas eram executadas, através de computadores que podem estar alojados num terceiro país e na credibilidade que os arguidos transmitiam em diálogo com a vítima.
Segundo a Procuradoria, trata-se de uma organização bem estruturada, onde os arguidos têm funções específicas, nomeadamente os que se ocupavam da parte informática, os que telefonavam às vítimas e os que punham as contas bancárias à disposição de modo a fazer circular o dinheiro.
A acusação contra os 71 arguidos foi deduzida no dia 22 de abril pelo diretor do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Comarca de Faro, numa investigação a cargo da Polícia Judiciária.
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