Para muitos de nós, CINDI está directamente associado à prevenção das doenças cardiocerebrovasculares e outras doenças crónicas não transmissíveis com factores de risco comuns.
O CINDI leva 30 anos de vida e acaba de ser alvo de uma edição em que se testemunham todos os projectos envolvendo os 20 países comprometidos a trabalhar neste árduo roteiro de prevenção e promoção para a saúde: “CINDI Life”, Âncora Editora, 2016. É um livro que extravasa as fileiras da saúde, destina-se a profissionais de educação, líderes comunitários, apoiados o mais possível por todos os meios de comunicação social. O CINDI tem metas ambiciosas: reduzir gradual mais significativamente o número de mortes prematuras e da sobrecarga de sofrimento evitável. O CINDI está destinado a ser integrado em actividades de Educação para a Saúde, Promoção da Saúde e Prevenção das Doenças Não Transmissíveis. O CINDI deu os seus primeiros passos em Portugal em 1986, assentou no acordo com a Organização Mundial de Saúde, tinha como pressupostos os cuidados de saúde primários, as doenças não transmissíveis (particularmente as cardiovasculares, cancro, diabetes, acidentes e doenças mentais). Hoje o programa CINDI ganhou forma, tem uma consistência clara: desenvolver medidas integradas para a prevenção das doenças não transmissíveis dentro dos cuidados de saúde primários, reduzindo a par factores de risco como: tabagismo, erros alimentares, abuso do álcool, inactividade física e stresse biopsicossocial. Como é óbvio, deverão estabelecer-se mecanismos metodológicos de colaboração eficazes para o controlo integrado, multidisciplinar e intersectorial, dos factores de risco.
O programa CINDI tem por base um protocolo onde cabem actividades nomeadamente nos Ministérios da Saúde, da Agricultura e da Educação. Todos os departamentos do Ministério da Saúde estão implicados. Tudo começou no distrito de Setúbal e hoje estende-se a uma boa parte do país. Aos poucos, muitos profissionais de saúde passaram a sentir-se implicados nestas actividades de promoção da saúde, a abertura dos centros de saúde e dos clínicos gerais tem sido uma constante para garantir que a filosofia dos estilos de vida saudáveis chegue às populações. Há a arma da comunicação, usada em conferências, encontros, palestras, publicações, presença assídua nos meios de comunicação social, o que veio popularizar o reconhecimentos dos riscos comuns e dos comportamentos aconselháveis face ao tabaco, álcool, alimentação ou actividade física. Foram-se dando passos graduais até se obter um elevado consenso para o trabalho comum de despiste e tratamento da hipertensão, associando os farmacêuticos e os médios dos centros de saúde.
A figura impulsionadora do CINDI em Portugal tem sido o professor Fernando de Pádua, o seu nome está igualmente associado ao Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva. Veja-se como esta instituição interveio no concelho de Almodôvar em 2010-2011. Elaborou-se um projecto planeado para cinco anos, com o principal objectivo de educar os municípios (em todas as faixas etárias) para a adopção de estilos de vida mais saudáveis e para transformar Almodôvar o concelho mais saudável do país. Tem-se trabalhado nas áreas da nutrição, actividade física, alcoolismo, tabagismo e stresse, foram feitos inquéritos e rastreios à população. Tomou-se consciência de que cerca de 50% da população estudantil referia pouca preocupação com a sua alimentação. Em resultado deste trabalho escreveram-se livros, há um sentimento de orgulho no concelho, sente-se que aconteceu algo no comportamento diário das pessoas.
Actualmente está em curso uma nova fase do programa CINDI por todo o país intitulado “Big Bang na saúde” e uma das apostas é dirigir às crianças mensagens de que podem chegar aos 120 anos vivos, activos, alegres e saudáveis.
O leitor tem tudo a ganhar em saber muito mais sobre o projecto CINDI em Portugal nos últimos 30 anos.
* Assessor do Instituto de Defesa do Consumidor e consultor do POSTAL