O ar condicionado no trabalho, a forma de sentar em frente ao computador, as horas passadas a olhar para o ecrã ou a iluminação são alguns dos factores que podem influenciar a saúde ocular e é sobre estes, e muitos outros, que se debruça a Ergoftalmologia, área que vai estar em destaque no 60º Congresso Português de Oftalmologia, que decorre entre 7 e 9 de Dezembro.
Ao longo dos três dias, o Vilamoura Marina Hotel vai receber dezenas de especialistas, num encontro com vários simpósios, comunicações livres, workshops, a realização de vários cursos e uma mesa redonda subordinada ao tema ‘Glaucoma como Doença Neurodegenerativa’.
Ergoftalmologia e glaucoma preocupam os especialistas
Um tema que Manuel Monteiro-Grillo, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), que organiza a reunião, admite ter, até agora, ficado de fora dos temas em destaque nestes encontros anuais, mas que já faz parte da prática clínica diária destes especialistas. “São cada vez mais comuns, nos locais de trabalho, as queixas de olhos vermelhos, dor ou ardor, estimando-se mesmo que sete em cada dez portugueses sofram de fadiga visual. Um problema com impacto no seu rendimento profissional, mas também na sua qualidade de vida. Este é um dos problemas que a Ergoftalmologia procura prevenir”, afirma o especialista. Uma área que resulta das transformações implementadas nos locais de trabalho, que requerem uma cada vez maior eficiência do olho, o que pode dar origem a problemas de saúde.
Os factores que influenciam a percepção visual na condução automóvel, como a iluminação, um dos elementos primordiais de segurança ao volante (a iluminação excessiva, por exemplo, pode reduzir a sensibilidade da retina e até mesmo causar dor física, pelo que o encandeamento pode desencadear uma situação de enorme perigo), são outros dos aspectos sobre os quais incide a Ergoftalmologia e que preocupa os especialistas.
Glaucoma é a primeira causa de cegueira não reversível a nível mundial
A este tema junta-se outro, também em destaque no congresso: o glaucoma, que é já a primeira causa de cegueira não reversível a nível mundial. Por cá, estima-se que afecte cerca de 150 mil pessoas mas a estes números podem juntar-se muitos outros, uma vez que se suspeita que em cada três doentes, apenas dois têm o diagnóstico feito. “Por ser conhecido como um ‘ladrão silencioso da visão’, uma doença irreversível que, nas suas fases iniciais, não costuma apresentar sintomas e porque, quer a nível de diagnóstico e terapêutica, é uma doença em constante actualização, este é outro dos assuntos que merecem uma atenção maior no 60º congresso da SPO”, refere o presidente.