A lista de concelhos com risco elevado de transmissão da covid-19, sujeitos a medidas mais restritivas como o recolher obrigatório, vai aumentar na próxima segunda-feira para 191, dos quais oito são do Algarve.
A atualização da lista dos 121 concelhos, retira sete municípios, em que estas medidas de restrição deixaram de estar em vigor às 00:00 de sexta-feira, e incluiu 77 novos concelhos a partir das 00:00 da próxima segunda-feira, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, após a reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
No Algarve, confirmaram-se oito os municípios: Albufeira, Faro, Lagos, Portimão, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António, que se juntam a São Brás de Alportel.
Após o anúncio de António Costa, alguns presidentes de câmara manifestaram a sua indignação ao verem os seus municípios incluídos na lista dos concelhos com risco elevado de transmissão da covid-19. “Os números apresentados não batem certo”, dizem alguns presidentes de autarquias.
Reavaliada a cada 15 dias pelo Governo, a lista dos municípios com risco elevado de transmissão é definida de acordo com o critério geral do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) de “mais de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias”, e considerando a proximidade com um outro concelho nessa situação e a exceção para surtos localizados em municípios de baixa densidade.
Se em Alcoutim, o critério excepcional para surtos localizados em municípios de baixa densidade parece ter sido aplicado, já em São Brás de Alportel e em Tavira parece ter funcionado como penalização.
Já no lado oposto, Loulé, o maior concelho algarvio em superfície, cujos números acumulados indiciavam a sua passagem para a nova lista, acabou por não integrar a nova lista dos 191 municípios.
Em Tavira, foi com “surpresa e indignação que a autarquia recebeu esta informação, uma vez que veio contrariar os números que nos têm sido comunicados pelas autoridades de saúde local e regional (que são coincidentes) e que apontam que, no período considerado pelo Governo (entre 28/10 e 10/11), o concelho de Tavira tem um acumulado de 54 novos casos e, consequentemente, com 220 casos por 100.000 habitantes. Estaria, assim, abaixo do valor para ser considerado na lista atrás referida”, segundo assinalou Ana Paula Martins, presidente da autarquia tavirense.
Na capital do Algarve, o presidente da Câmara de Faro disse esperar que algumas das medidas impostas aos concelhos com elevado risco de contágio sejam revistas e que o Governo defina uma compensação para as atividades económicas mais penalizadas.
“Eu espero que o Governo, de alguma forma, faça uma análise profunda sobre esta situação, tenho a certeza que o fará, e acima de tudo que, para os concelhos que ficaram dentro desta barreira, defina medidas de compensação para a atividade económica”, disse aos jornalistas Rogério Bacalhau.
CRITÉRIOS PREJUDICAM O ALGARVE
Numa análise à região algarvia, o próprio presidente da associação dos municípios do Algarve manifestou o seu desagrado ao considerar que “a região é prejudicada pela contagem da população para a definição dos municípios com alto risco de contágio por covid-19, por não estarem incluídos todos os estrangeiros residentes”.
António Pina defendeu que o Algarve “não pode continuar a ser visto” como uma região com uma população de 450 mil habitantes, mas sim com 600 mil habitantes, “porque é isso que na verdade existe”, aludindo aos cidadãos estrangeiros que habitam no Algarve mas não estão registados como residentes.
“Isto leva-nos a acreditar que se fosse considerada [a contagem da população] como propomos, muitos dos concelhos que hoje aparecem nesta listagem não estariam”, assegurou o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), numa referência à lista de concelhos de alto risco de contágio, que abrange agora metade dos municípios do Algarve.
Em conferência de imprensa realizada no Centro Distrital da Proteção Civil, em Loulé, o presidente da AMAL disse que vai “apresentar e pedir à Direção-Geral da Saúde e ao Governo que haja um fator ponderador relativamente ao Algarve para poder incorporar no denominador da população outro número”.
Na conferência, a própria delegada de Saúde do Algarve considerou que o Algarve deveria ser visto como “um todo” e se o fosse a região não atingia, ainda, os 240 casos por 100.000 habitantes.
Ana Cristina Guerreiro entende que o Algarve deveria ser considerado “como um todo, sem dividir por concelhos”, relembrando, por exemplo, que “temos uma população equivalente ao ACES [Agrupamento de Centros de Saúde] Amadora-Sintra.
Face à diferença de valores entre a população real, com consequências para cada território, ao nível de restrições económicas, António Pina diz que o que se “exige é que as decisões que são tomadas de 15 em 15 dias, sejam afinadas regionalmente”.
“Não é indiferente colocar um concelho dentro ou fora [da lista de risco]. Estes seis [casos de covid-19] que no passado do ponto de vista estatístico não tinham significado, agora têm”, exemplificando com o caso de Tavira, concelho que passou desde quinta-feira a integrar a lista de concelhos de risco pandémico.
“A economia e as pessoas de Tavira podem eventualmente ter sido colocadas numa lista indevidamente. É preciso que estes dados, estas decisões, sejam afinadas regionalmente porque têm consequências na vida e na economia de cada território”, concluiu.
Fique com a lista dos concelhos que saem e que entram
Às 00h00 do passado dia 13 de novembro, deixaram de fazer parte da lista os seguintes concelhos:
- Batalha
- Mesão Frio
- Moimenta da Beira
- Pinhel
- São João da Pesqueira
- Tabuaço
- Tondela
A partir das 00h00 do próximo dia 16 de novembro, passam a fazer parte da lista mais 77 concelhos:
- Abrantes
- Águeda
- Albergaria-a-Velha
- Albufeira
- Alcanena
- Aljustrel
- Almeida
- Almeirim
- Alvaiázere
- Anadia
- Ansião
- Arcos de Valdevez
- Arganil
- Arronches
- Boticas
- Campo Maior
- Cantanhede
- Carrazeda de Ansiães
- Castro Daire
- Celorico da Beira
- Coimbra
- Condeixa-a-Nova
- Coruche
- Crato
- Cuba
- Elvas
- Estarreja
- Évora
- Faro
- Ferreira do Alentejo
- Figueira de Castelo Rodrigo
- Freixo de Espada à Cinta
- Grândola
- Ílhavo
- Lagos
- Lamego
- Mangualde
- Manteigas
- Mealhada
- Mêda
- Mira
- Miranda do Corvo
- Miranda do Douro
- Mirandela
- Monforte
- Montalegre
- Montemor-o-Velho
- Mora
- Murtosa
- Nelas
- Oliveira do Bairro
- Ourém
- Pampilhosa da Serra
- Penalva do Castelo
- Penamacor
- Penela
- Ponte de Sor
- Portalegre
- Portimão
- Proença-a-Nova
- Reguengos de Monsaraz
- Resende
- Salvaterra de Magos
- São Pedro do Sul
- Sátão
- Seia
- Sousel
- Tábua
- Tavira
- Torre de Moncorvo
- Vagos
- Vieira do Minho
- Vila do Bispo
- Vila Nova de Foz
- Côa
- Vila Nova de Paiva
- Vila Real de Santo António
- Viseu
Os restantes 114 concelhos mantiveram-se, nomeadamente São Brás de Alportel na região algarvia.
Pode consultar estas e outras informações na página:
https://covid19estamoson.gov.pt/novas-medidas-para-concelhos-de-risco-elevado/
RELACIONADO:
GNR acabou com três festas com mais de 300 pessoas em Albufeira e Faro
Portugal regista novo recorde de número de mortos. Algarve tem 56 novos casos e Alentejo 39
Enfermeira infetada foi obrigada a trabalhar dez dias sozinha em lar contaminado
Vila do Bispo pode vir a ficar durante muito tempo em ‘risco elevado’
Detetado surto no parque de campismo de Alvor com pelo menos 13 infetados
Presidente está indignada pela inclusão de Tavira na lista dos concelhos com risco
Escolas que registaram casos covid são 731 das quais 50 no Algarve [Ver lista]