As técnicas de relaxamento assumem distinta importância no quotidiano dos utentes, visto que possibilitam a promoção do bem-estar físico e psicológico e a adopção de estados profundos de relaxamento com finalidades terapêuticas no âmbito da saúde mental e psiquiátrica.
Segundo Payne (2003, p. 3) citando Ryman (1995), o relaxamento é “como um estado de consciência caracterizado por sentimentos de paz e alívio de tensão, ansiedade e medo”. Assim sendo, durante o relaxamento, o organismo alivia a tensão muscular, bem como promove sentimentos de paz e tranquilidade, inibindo os pensamentos causadores de stresse ou perturbadores da tranquilidade e contribuindo para a “diminuição da tensão ou intensidade, resultando no descanso do corpo e mente”.
As técnicas de relaxamento permitem a neutralização do sistema nervoso simpático e accionam o sistema nervoso parassimpático, ou seja, diminuem a tensão arterial, a frequência cardíaca, a frequência respiratória, a velocidade de coagulação do sangue, o fluxo de sangue para os músculos voluntários, o nível de glicose no sangue, a acuidade dos sentidos e a actividade das glândulas sudoríparas moderam o ritmo metabólico, reduzem a tensão muscular, dilatam os vasos sanguíneos, aumentam a criatividade, memória, capacidade de concentração e diminuem a distracção. Um outro aspecto que poderá sofrer alterações, prende-se com a melhoria do funcionamento adaptativo (Payne, 2003 & Townsend, 2011).
Durante as sessões onde são aplicadas as técnicas de relaxamento podem utilizar-se dois métodos diferentes de relaxamento, sendo eles o relaxamento físico e o relaxamento psicológico. O relaxamento físico inclui o relaxamento progressivo de Jacobson, o relaxamento muscular passivo, o relaxamento aplicado, o treino de relaxamento comportamental, o método de Mitchell, a técnica de Alexander, o relaxamento diferencial, os alongamentos, o exercício físico e a respiração abdominal (Payne, 2003 & Townsend, 2011). Relativamente ao relaxamento psicológico, abrange a consciencialização, as imagens mentais, a visualização dirigida para objectivos, o treino autogénico, a meditação e o método de Benson (Payne, 2003 & Townsend, 2011). Realça-se, que as sessões de relaxamento tanto podem incluir os métodos de relaxamento físico e psicológico em simultâneo como em separado.
Os conteúdos que se seguem irão abordar os conhecimentos teóricos e práticos relativamente às técnicas do relaxamento físico, mais propriamente ao relaxamento progressivo de Jacobson e à técnica da respiração abdominal.
Objectivos gerais das sessões de relaxamento:
– Promover o bem-estar físico e psicológico;
– Promover o relaxamento muscular.
Objectivos específicos das sessões de relaxamento:
– Reduzir sinais e sintomas da ansiedade;
– Evitar a insónia;
– Estimular a capacidade de concentração;
– Diminuir a tensão muscular;
– Abstrair de pensamentos nefastos.
Relaxamento Progressivo de Jacobson
A técnica do relaxamento progressivo de Jacobson consiste no processo de contracção/descontracção de 16 grupos musculares, permitindo consecutivamente um processo de relaxamento sereno e a consciencialização entre os contrastes existentes nos processos de contracção/descontracção (Payne, 2003).
Segundo Davis, Eshelman & McKay (2008) citado por Townsend (2011, p. 231) alguns dos resultados obtidos com o relaxamento progressivo de Jacobson foram observados “no tratamento da tensão muscular, ansiedade, insónia, depressão, fadiga, intestino irritável, espasmos musculares, dores no pescoço e nas costas, pressão arterial elevada, fobias ligeiras e gaguez”. Da mesma opinião partilha o autor Payne (2003, p. 42) ao citar Jacobson (1938), referindo que “o relaxamento progressivo tem um efeito indirecto nos níveis de ansiedade e que, através da mediação do cérebro, proporciona um domínio do parassimpático”.
Respiração abdominal
O relaxamento através da respiração abdominal “visa directamente o sistema nervoso autónomo, um facto a acrescentar às potencialidades da respiração como método de indução de relaxamento” (Lichstein, 1988 citado por Payne, 2003, p. 139). Esta técnica refere-se “à expansão para baixo da cavidade torácica” (Payne, 2003, p. 142), onde “o diafragma contraído pressiona os órgãos, provoca uma ligeira dilatação do abdómen. De igual modo, quando o diafragma relaxado liberta a pressão sobre os órgãos, o abdómen volta a diminuir” (Payne, 2003, p. 143).
Segundo Lichstein (1988), citado por Payne (2003, p. 217) ,enuncia que “a inspiração desvia a atenção de pensamentos causadores de stress; a retenção da respiração aumenta o nível de Pco2, induzindo uma letargia suave, e a expiração lenta ajuda a diminuir a tensão muscular”, daí a eficácia da sua aplicabilidade.
“O relaxamento é apenas uma componente de controlo do stress”
(Payne, 2003, p. 13)
(Artigo publicado no Caderno Semear Saúde)