A taxa de incidência de síndrome gripal baixou para 39,1 por cada 100.000 habitantes, numa tendência de atividade gripal que se mantém estável, indica o boletim de vigilância da gripe do Instituto Ricardo Jorge hoje divulgado.
Segundo o boletim, referente à semana de 24 a 30 de janeiro, a taxa de incidência de Infeção Respiratória Aguda (IRA) também baixou e é agora de 83 por 100.000 habitantes.
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) diz que ambos os valores de incidência, contudo, devem ser interpretados tendo em conta “a reorganização do atendimento ao doente respiratório e a menor população sob observação do que a observada em período homólogo de anos anteriores”.
O INSA refere também que foi reportado um caso de gripe (Influenza A) pelas 20 Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) que enviaram informação, um doente com 70 anos que tinha doença crónica e não estava vacinado contra a gripe sazonal.
Os dados referem-se a uma população total sob observação de 20.489 pessoas na semana de 24 a 30 de janeiro (semana 4).
Os valores de vigilância clínica da gripe foram apurados através da rede médicos-sentinela, um sistema de informação constituído por médicos de medicina geral e familiar do continente e das regiões autónomas.
No que se refere à vigilância laboratorial, que permite a identificação de vários vírus respiratórios, o boletim do INSA indica que, no âmbito do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, na época 2021/2022, foram analisados 369 casos de IRA/Síndrome Gripal(SG). Foi detetado um caso positivo para o vírus da gripe do tipo B na semana 49/2021 (06 a 12 dezembro) e, na semana 04/2022, foi detetado mais um caso positivo para gripe, caracterizado como gripe A subtipo H1.
Na semana em análise (24 a 30 janeiro) foram detetados cinco casos positivos para SARS-CoV-2.
Desde o início da época de vigilância (semana 40/2021 – de 4 a 10 outubro) foram detetados outros vírus respiratórios em 180 casos de IRA/SG: 85 rinovírus (hRV), 31 vírus respiratório sincicial (RSV), 29 coronavírus (hCoV), quatro parainfluenza (PIV), oito metapneumovirus (hMPV), cinco enterovírus (hEV), um adenovírus (AdV) e 17 infeções mistas.
Na época 2021/2022, os laboratórios da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (Hospitais) notificaram 45.524 casos de infeção respiratória e foram identificados 249 casos de gripe. Na semana entre 24 e 30 de janeiro foram detetados 15 casos de gripe, dos quais 11 casos positivos para o vírus do tipo A e quatro casos positivos para o vírus da gripe do tipo B.
Segundo o INSA, foram ainda detetados 15 casos de co-infeção pelo vírus da gripe e SARS-CoV-2.
Desde o início da época de vigilância, foram identificados outros agentes respiratórios em 3.321 casos. Na semana entre 24 e 30 de janeiro foram detetados 69 casos positivos para outros agentes respiratórios, “na sua maioria vírus sincicial respiratório”, acrescenta.
No que se refere à caracterização genética, o boletim diz que, até à semana 04/2022 foram caracterizados 30 vírus da gripe.
Quanto à gravidade, o INSA informa que entre 24 e 30 de janeiro foi reportado um caso de gripe (Influenza A) pelas 20 UCI que enviaram informação. Não foi reportado qualquer caso de gripe pelas três enfermarias que enviaram informação.
O boletim refere ainda que, tanto na semana 3 (17 a 23 janeiro) como na semana 4 (24 a 30 janeiro) se observou um excesso de mortalidade por todas as causas.
A vacinação contra a gripe arrancou em Portugal no final de setembro, mais cedo do que o habitual devido à pandemia de covid-19,estando já vacinadas mais de 2,5 milhões de pessoas, segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde.
Sobre a situação europeia, o boletim do INSA indica que na semana 03/2022, sete países (Arménia, Sérvia, Israel, França, Eslovénia, Hungria e Rússia) apresentaram uma taxa de deteção laboratorial do vírus da gripe acima de 10%.
Na globalidade das 1.674 amostras sentinela testadas, 7% foram positivas para o vírus da gripe. De entre 76 amostras do tipo A subtipadas, 5% foram positivas para o vírus da gripe do tipo A(H1)pdm09 e 95 % foram positivas para o vírus da gripe do tipo A(H3).
Nos sistemas de vigilância de base hospitalar foram confirmados laboratorialmente, em UCI, um caso de gripe do tipo A e um caso de gripe do tipo B, acrescenta o documento.