A Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) recomenda as vacinas da gripe e da pneumonia a quem tem doenças cardíacas por causa dos riscos acrescidos das infeções respiratórias para estes doentes.
Numa tomada de posição hoje divulgada, os Grupos de Estudo de Risco Cardiovascular, Insuficiência Cardíaca, Doenças do Miocárdio e Pericárdio e Hipertensão Pulmonar da SPC lembram que as doenças cardiovasculares têm uma expressão mais grave no tempo frio, a que se acrescenta o vírus da gripe.
“Há evidência, proveniente de várias fontes, que confirmam que as infeções respiratórias pelos vírus da gripe ou por pneumococos aumentam o risco de enfarte do miocárdio mais de 6 vezes nos primeiros 3 dias de evolução e influenciam o prognóstico intra-hospitalar, condicionando mais complicações, maior mortalidade e maior demora-média de internamento”, afirmam os especialistas, que aconselham os médicos que seguem estes doentes a recomendarem as vacinas para a gripe e para a pneumonia.
Em comunicado, os responsáveis destes grupos de estudo da SPC sublinham que “na insuficiência cardíaca, estas infeções geram mais internamentos por descompensação, mais complicações pulmonares e renais que necessitam de tratamentos invasivos e maior mortalidade intra-hospitalar”.
Se é verdade que a gripe geralmente é benigna – sublinham – “não deixa, contudo, de causar perturbações sérias nas unidades de saúde, com um aumento significativo do afluxo de indivíduos às consultas e urgências, absentismo escolar e laboral, incidência de doenças graves, como as pneumonias bacterianas secundárias e a desestabilização ou desenvolvimento de doenças cardiovasculares sérias”.
“Vários organismos e sociedades científicas, mesmo na ausência de estudos clínicos randomizados, recomendam a vacinação para os Influenzavirus A e B e para o Streptococcus pneumoniæ em doentes com patologia cardíaca crónica”, lembram, dando o exemplo da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Na norma emitida relativamente à vacinação contra a gripe, a DGS considera as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos como um grupo-alvo prioritário a quem recomenda a vacinação (gratuita). Também recomenda a vacinação (adquirida com comparticipação) a doentes com patologia cardiovascular, como a cardiopatia congénita, a cardiopatia hipertensiva, a insuficiência cardíaca crónica e a cardiopatia isquémica.
Já no que se refere à vacinação relativa à pneumonia, a DGS considera os doentes com doença cardíaca crónica como sendo um grupo de risco acrescido para doença invasiva pneumocócica.
A vacina da gripe deve ser tomada durante o outono/inverno, de preferência até ao final do ano civil, e a da pneumonia pode ser administrada em qualquer altura do ano.
Na tomada de posição hoje divulgada, os especialistas da SPC sublinham que “a efetividade e segurança das vacinas para os Influenzavirus A e B e para o Streptococcus pneumoniæ (…) chancela o benefício clínico da sua utilização” e aconselham os profissionais que seguem estes doentes a recomendarem ambas as vacinas.