Apesar dos atuais recordes diários de novas infeções pelo novo coronavírus, os indicadores relativos a doença a necessitar de tratamento hospitalar estão muitíssimo distantes do verificado no pico da quarta vaga, registada entre janeiro e fevereiro de 2021.
Olhando para o que se passou em quatro indicadores – casos, internamento em enfermaria, UCI e mortes por covid-19 – ao longo deste último ano, fica evidente como a subida a pique dos casos após o aparecimento da variante Ómicron não foi de todo acompanhada pelas outras linhas. Em particular no que respeita às mortes e às formas mais graves de infeção que obrigam ao recurso a unidades de cuidados intensivos.
O gráfico aqui reproduzido parte dos valores máximos atingidos em janeiro e fevereiro de 2021 de novas infeções (12.890 de média diária móvel a 7 dias), internamentos em enfermaria (6680), UCI (877 camas) e mortes (291). A partir desses picos, registados em dias diferentes dessa quarta vaga, o Expresso calculou a evolução de cada um destes indicadores tendo esse ponto inicial como base de referência. Os últimos números dizem respeito à média semanal registada no início desta semana.
Comparação dos números atuais da pandemia com os de há um ano
Todos caíram ao longo do tempo quando comparados com esses máximos da quarta vaga, até ao aparecimento da Ómicron, que se tornou predominante em Portugal a partir da semana do Natal e que fez disparar os casos, correspondendo agora a mais de 90% das novas infeções. E se já era evidente que a vacinação estava a produzir os seus efeitos, fazendo diminuir o risco de internamento e óbito, a dissociação entre a evolução de casos positivos e doença tornou-se ainda mais flagrante. Isto associado a uma menor severidade da infeção provocada por esta variante do SARS-CoV-2.
O número de infeções diárias mais do que duplica o registado em janeiro de 2021, atingindo no início desta semana uma média a 7 dias de quase 27 mil casos. E esta média é agora ainda muito mais alta, uma vez que nos últimos dias as infeções subiram ainda mais. No entanto, mortes e internamentos em cuidados intensivos têm-se mantido estáveis desde meados de dezembro, refletindo já o reforço da proteção conferida pelas doses de reforço da vacinação e que chegaram já a 83% da população acima dos 65 anos.
No caso das mortes por covid-19 representam 5,7% do registado na pior semana de janeiro (291 de média diária contra 17 até ao início desta semana). E em relação à ocupação em UCI, representam apenas 17% desse máximo (877 camas ocupadas então, contra uma média de 149 agora).
Quanto aos internamentos em enfermaria, têm vindo a aumentar, embora continuem ainda bastante longe do que já aconteceu no passado.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL