Imaginem-se a preparar uma sanduíche cuidadosamente, com pão integral e um toque de alface, quando, por alguma razão, esta acaba no chão. Ninguém testemunhou o incidente e, após um leve sopro, decidem comê-la. Mas o que nos diz a ciência sobre este ato aparentemente trivial?
Na infância, ouvíamos falar da “regra dos cinco segundos”: se apanhássemos a comida do chão antes de cinco segundos, estaria tudo bem. Como se as bactérias fossem corteses o suficiente para nos dar esse intervalo de tempo. “Cinco, quatro, três, dois, um… ataque!” Assim agem as bactérias, prontas para o festim.
Alguns mais cautelosos sopram, sacodem ou retiram fiapos com a mão, como nos conta o site tempo. Este comportamento pode até fortalecer o sistema imunológico, mas, em termos de segurança alimentar, há ainda algumas questões em aberto. Claro, talvez já o tenham feito várias vezes sem consequências graves. Ainda assim, vale a pena explorar o tema.
Podemos presumir que o tempo que a sanduíche passa no chão é crucial. Quanto mais tempo, mais insetos podem estar presentes. Surpreendentemente, este fator não é tão determinante quanto pensávamos, e varia consoante o tipo de alimento. Mas voltaremos a isso em breve. Outro fator importante é a limpeza do chão.
Se estivermos na rua, é difícil prever o que pode estar no chão. Em casa, podemos estar mais tranquilos se tivermos feito uma limpeza recente e, ao entrar, tirarmos os sapatos. Não é necessário deixá-los à porta, mas é aconselhável descalçá-los ao entrar em casa para evitar trazer sujidade da rua para dentro. Não é imprescindível, mas é uma precaução sensata.
O tipo de superfície onde a comida cai também é relevante. Não é o mesmo cair num azulejo, na madeira ou numa alcatifa.
Nas experiências realizadas, inoculou-se Salmonella em diferentes tipos de solo e, em seguida, colocou-se uma sanduíche de pão com mortadela. Surpreendentemente, o tapete foi o que menos bactérias transferiu para a comida, seguido pelos azulejos e, por último, pela madeira, que transferiu até 70% das bactérias inoculadas.
Outro fator a considerar é o tipo de alimento, pois diferentes alimentos atraem diferentes tipos de bactérias.
Portanto, devemos levar em conta: o tipo de superfície, a sua limpeza, o tipo de alimento e, em último lugar, o tempo que esteve em contacto com o solo. Mas esquecemo-nos de um último fator.
Lavou as mãos antes de comer?
Todos os dias, tocamos em inúmeras superfícies contaminadas com uma variedade de bactérias. Manipulamos dinheiro, telemóveis, corrimões e partilhamos canetas. Conscientes de que estamos rodeados por estas bactérias, oscilamos entre o medo e a resignação. É natural, mas é também conhecimento e bom senso.
Portanto, através da higiene, da lavagem das mãos, da consideração pelos grupos de risco e da análise do risco, podemos tomar as nossas próprias decisões sobre comer ou não a sanduíche, baseando-nos no melhor conhecimento disponível até ao momento.
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