Durante as primeiras duas semanas de junho morreram 4973 pessoas – 355 pessoas por dia. Segundo o jornal “Público”, a mortalidade na primeira quinzena de junho de 2022 está acima dos valores habituais anteriores à pandemia. De 2009 a 2019, foram registados, em média, 3652 óbitos entre 1 e 14 de junho, uma média de 281 mortes por dia. A covid-19 e as temperaturas altas explicam parte da subida, mas ainda assim, os especialistas dizem ser necessário estudar o que pode ter mudado.
De acordo com os dados, este ano registou-se um aumento de 26% face ao período pré-pandémico e um aumento de 30% face a 2021. No entanto, não há um fator que justifique a mortalidade elevada nos últimos meses. A covid-19 explica uma parte dos óbitos, contudo, mesmo quando esses óbitos não são contabilizados o aumento ainda se verifica.
“Parece-me que o mais lógico é existir um impacto muito substancial das temperaturas elevadas, mas pode não ser a única razão. Neste momento, juntam-se dois fatores que parecem suspeitos: esta questão da temperatura e também ainda algum contributo da pandemia”, diz o matemático Óscar Felgueiras. “Tivemos semanas com cerca de 40 óbitos diários por covid-19: não é tudo, mas dá o seu contributo [para explicar este excesso de mortalidade]. Se juntarmos isto ao calor, acaba por existir uma pressão nos números”, explica.
A demógrafa Maria João Valente Rosa concorda com as razões apontadas por Óscar Felgueiras, no entanto, diz que essas circunstâncias não explicam como os últimos meses apresentam números de óbitos em linha com o que costuma ocorrer no inverno. “Não consigo encontrar grandes razões, para já”, refere.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL