Os médicos de saúde pública têm detectado resistência dos cidadãos às abordagens para rastrear e identificar as cadeias de transmissão de covid-19. As “mentiras”, as “recusas de dar contactos” e mesmo “de testagem” são alguns dos comportamentos descritos pelos profissionais, ao “Diário de Notícias”.
“No início da pandemia encontrávamos estas situações de mentiras, de omissões ou de recusas só nos grupos mais vulneráveis, imigrantes que não estavam legais e que não nos diziam tudo pelo receio do que lhes poderia acontecer, mas agora a prática é generalizada, em famílias, na restauração, nas atividades ligadas às praias, etc.”, explica o médico de saúde pública da região algarvia, Luís Cadinha.
O profissional esclarece que “ao fim de ano e meio, a situação está cada vez mais difícil”. “As pessoas mentem, recusam dar contactos e até fazer testes, e se avançamos com isolamento profilático é certo e sabido que podemos apanhar com um pedido de habeas corpus e lá vamos para o tribunal“.
O mesmo relato faz uma médica da região norte, esclarecendo que há “constantes obstáculos que surgem do comportamento das pessoas”. A médica diz que há quem minta porque, com a crise económica, tem medo de perder o trabalho, mas “há outros que mentem por quererem ir de férias”.
Os profissionais entendem que situações como as que descreveram dificultam o trabalho. “Trabalho com uma equipa que está esgotada. Estamos a ter outra vez um aumento de casos, o que implica mais telefonemas por dia e estamos a deparar-nos com pessoas que não querem aceitar o isolamento, não querem fazer testes, o que implica contactar autoridades de segurança e deslocações aos locais. Começamos a ficar cansados disto tudo.”
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso