Só nos primeiros três meses de 2022, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) gastou 34 milhões de euros em prestação de serviços. É o dobro do que gastou em janeiro com o trabalho suplementar dos cerca de 40 mil médicos que trabalham no SNS. O valor médio por hora foi de 31 euros, mas há hospitais que chegam a pagar 90 a alguns especialistas para conseguirem manter-se de portas abertas.
O Centro Hospitalar do Oeste tem todos os dias três urgências abertas: a de Torres Vedras, a das Caldas da Rainha e a de Peniche.
Diariamente, precisa de pelo menos 31 médicos que assegurem as 24 horas. Do quadro do hospital hoje estão sete a trabalhar. Os restantes foram contratados como tarefeiros, ou seja, prestadores de serviço pagos à hora.
O preço que o SNS paga aos médicos especialistas do quadro em horas extraordinárias é, em média, de 20 euros por hora. Para contratar tarefeiros, os hospitais pagam, no mínimo, o dobro. Mas pode ir até quatro vezes mais cada hora de trabalho, consoante a especialidade e a carência.
Em abril, o Centro Hospitalar do Oeste precisou desesperadamente de especialistas em Medicina Interna para assegurar turnos em seis dias. O preço oferecido foi de 90 euros à hora.
Nos últimos concursos, muitas das vagas abertas no centro hospital do Oeste ficaram desertas. Mesmo os que lá acabam a formação preferem não ter vínculo de trabalho e ficar como tarefeiros: ganham muito mais dinheiro e conseguem ter mais tempo para a família e vida pessoal.
Nos três primeiros meses deste ano, o SNS gastou 34 milhões de euros com tarefeiros. A maior fatia deste valor foi para serviços médicos, a uma média de 31 euros hora.
A compra de horas a tarefeiros é pratica no Serviço Nacional de Saúde. Aumenta de ano para ano e capta cada vez mais profissionais.
No último semestre de 2021, 600 médicos rescindiram com hospitais e centros de saúde do SNS. Muitos foram contratados por instituições privadas. Outros preferiram cortar o vínculo, mas ficar na mesma a trabalhar no serviço publico de saúde.
De uma maneira geral, os custos com os tarefeiros acabam por mascarar as contas dos hospitais. Não entra na rubrica do pessoal, mas na do fornecimento e serviços externos, onde, por exemplo, está a aquisição de trabalhos de lavandaria, alimentação ou os exames complementares de diagnóstico comprados a clínicas externas ao SNS.
- VÍDEO: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL