A segunda fase de desconfinamento a 5 de abril vai avançar por igual em todo o país. Mas nesta altura existem 19 concelhos com um número de novos casos acima do limite estabelecido pelo Governo, ou seja, com mais de 120 novas infeções por 100 mil habitantes em 14 dias. Para já, a ideia é apenas alertar para o risco destes locais e confirmar se daqui a duas semanas conseguiram ou não reduzir a incidência. Além destes, há outros 64 concelhos assinalados no mapa do Governo que estão em risco de ver um travão no desconfinamento caso daqui a 15 dias os vizinhos com quem partilham fronteiras não tiverem melhorado.
Um exemplo é Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real, que está acima desse limiar, ultrapassando mesmo os 240 novos casos/100 mil habitantes e que coloca em risco os concelhos de Boticas, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Mondim de Basto e Cabeceiras de Basto. Segundo a lógica apresentada esta quinta-feira pelo Governo, se Ribeira de Pena daqui a duas semanas mantiver uma incidência acima do limite poderá travar a terceira fase de desconfinamento em mais cinco concelhos, num total de 96 mil habitantes.
O mesmo acontece com Carregal do Sal que tem mais de 240 novos casos/100 mil habitantes e que poderá afetar os concelhos de Viseu, Tondela, Santa Comba Dão, Tábua, Oliveira do Hospital e Nelas, com um total de 186 mil habitantes.
MAPA DE RISCO
A partir dos boletins da Direção-Geral da Saúde (DGS), é possível concluir que cinco dos 19 concelhos estão há mais de dois meses acima deste patamar. É o caso de Cinfães, Figueira da Foz, Moura, Penela e Rio Maior.
Em todos estes casos, a incidência esteve muito mais alta em fevereiro (em resultado da terceira vaga), começou a descer mas depois manteve-se acima dos 120 novos casos por 100 mil habitantes, o que poderá ser explicado por surtos que surgiram entretanto. Foi o que aconteceu, por exemplo, em Moura, numa escola de acolhimento que depois se alastrou a outras escolas, e também em Rio Maior, com um surto numa panificadora.
Segundo o primeiro-ministro explicou após a reunião do Conselho de Ministros, só serão tomadas medidas de travão do desconfinamento se estes concelhos continuarem acima do limiar de risco ao fim das próximas duas semanas, esclarecendo que não serão tomadas decisão intercalares, antes do final dos próximos 15 dias.
O modelo agora apresentado segue a sugestão dos peritos ao abranger a incidência dos concelhos vizinhos na decisão. Contudo, fica distante do que os especialistas sugeriram, uma vez que a avaliação deveria ser feita a partir da incidência ponderada, que permitiria ‘corrigir’ a situação em concelhos que se destacassem “por terem incidência maior ou menor do que a região circundante”, podendo até mesmo alguns perderem relevância “no caso de se tratarem de concelhos com reduzido número de habitantes”, como se lê na proposta entregue ao Governo.
António Costa referiu a proposta dos peritos quando referiu a opção de esperar duas semanas para travar nos concelhos mais afetados. “De acordo com o que os especialistas nos propuseram, devemos ter em conta que, se em duas avaliações sucessivas os mesmos concelhos estiverem acima do limiar de risco, esses concelhos não devem avançar nas medidas de desconfinamento”, afirmou
Contudo, o plano proposto pelos peritos, coordenado por Raquel Duarte e Óscar Felgueiras, sugeria que só perante estabilidade ou melhoria do nível de risco é que os concelhos deveriam avançar para a fase seguinte de reabertura. Em caso de agravamento não avançariam, travando e esperando por uma segunda avaliação, ao fim de mais 15 dias, para decidir se se justificaria ou não um retrocesso.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso