O envelhecimento é um processo natural, mas isso não significa que o cérebro esteja destinado a um declínio inevitável. Na verdade, o cérebro, muitas vezes visto como o “maestro” do corpo, pode manter-se saudável e ativo durante toda a vida, desde que seja estimulado adequadamente. Contrariando a crença popular, o cérebro não se deteriora irreversivelmente com a idade. O que é importante salientar é que, apesar de uma certa diminuição das células cerebrais e das suas conexões a partir dos 45 anos, a plasticidade cerebral — ou seja, a capacidade de se adaptar e criar novas ligações — persiste até ao fim da vida.
Cada indivíduo constrói a sua reserva cognitiva ao longo da vida, e quanto mais enriquecido for o estilo de vida, maiores são as chances de moderar os efeitos do envelhecimento na cognição. Como demonstram vários estudos, a atividade física tem um impacto significativo na melhoria das funções cognitivas, mesmo após os 60 anos. Os benefícios são vastos, desde a melhoria da memória, à rapidez de resposta, até à maior capacidade de planeamento, como explica o Forever Young.
No entanto, muitas pessoas idosas ainda não se envolvem em programas de exercícios físicos adaptados às suas capacidades. A falta de motivação e o acesso limitado a programas adequados são alguns dos obstáculos que contribuem para essa realidade. Em vez de oferecer atividades monótonas e repetitivas, é essencial desenhar planos de exercício que sejam motivadores e adaptados às suas necessidades físicas e cognitivas.
Três componentes essenciais para treinar o cérebro na terceira idade
- Estímulo físico e motor moderado a intenso
Exercícios cardiovasculares de intensidade moderada são fundamentais, não apenas para a saúde física, mas também para a função cerebral. Quando o corpo melhora a sua cardiofitness, o cérebro beneficia de um maior fornecimento de oxigénio, o que contribui para a criação de novos neurónios, especialmente no hipocampo, a área responsável pela memória. Assim, os programas de exercício devem sempre incluir uma componente cardiovascular, combinada com exercícios de força, flexibilidade e equilíbrio para maximizar os benefícios.
- Estímulo cognitivo durante o exercício
Para tornar o treino ainda mais eficaz, é importante incorporar elementos que exijam estimulação cognitiva durante o exercício. Pedir a uma pessoa que memorize informações, planeie movimentos ou antecipe ações enquanto realiza uma atividade física é uma maneira de envolver o cérebro de forma mais abrangente. Esta combinação de exercício físico e estimulação cognitiva tem um efeito sinérgico, oferecendo um impacto ainda mais positivo na capacidade cognitiva.
- Atividades em grupo e interação social
Exercitar-se em grupo tem benefícios acrescidos. Além do exercício físico, a interação social melhora o bem-estar geral e potencia os efeitos cognitivos. Aqui, os desportos de equipa, quer sejam de cooperação ou oposição, destacam-se. Estas atividades não só desafiam o equilíbrio e a capacidade cardiorrespiratória, como também envolvem o corpo inteiro, criando situações novas e estimulantes que requerem uma resposta cognitiva adaptada.
Exercícios recomendados para melhorar a função cerebral
Existem dois tipos de atividades que se destacam como particularmente úteis para idosos que desejam manter o cérebro saudável e o corpo ativo:
- Desportos: Desportos como o ténis, o futebol ou até jogos de grupo mais leves são excelentes formas de exercício. Estes desportos desafiam o corpo, mas também envolvem a mente, forçando-a a reagir a novos desafios constantemente. Além disso, promovem o trabalho em equipa e a socialização, fatores chave para a saúde mental.
- Exergames: Esta inovação na área do fitness junta jogos e exercício físico. Os exergames — uma combinação das palavras “exercise” (exercício) e “games” (jogos) — são uma forma divertida de treinar diferentes capacidades físicas, como o equilíbrio, a resistência e a coordenação, ao mesmo tempo que estimulam o cérebro. Vários estudos indicam que este tipo de treino é eficaz em melhorar as capacidades cognitivas e físicas, particularmente entre os idosos.
A combinação de exercício físico e estímulo cognitivo é o melhor caminho para manter o cérebro saudável e o corpo em forma, mesmo após os 60 anos. O envolvimento regular em atividades que desafiem tanto o corpo como a mente é essencial para garantir uma vida ativa, gratificante e saudável. Afinal, a chave para o envelhecimento saudável está nas escolhas que fazemos diariamente, e não na inevitabilidade dos anos que passam.
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