O balanço feito do número de doentes internados nos hospitais do Algarve aponta para o aumento significativo em faixas etárias mais baixas de casos de infeções da doença das últimas semanas. A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) diz que a tendência é para agravar-se, sublinhando que há “um maior número de doentes jovens internados que estão mal, os quais não se sabe se vão recuperar totalmente ou se vão ficar com sequelas”.
No início deste mês, a presidente do conselho de administração do CHUA, Ana Varges Gomes, disse que o número total de internamentos nas duas unidades hospitalares do Algarve representa cerca de 60% do limite de 80 camas definido para a região, não havendo, para já, previsão para abrir mais camas.
O Algarve tinha 49 doentes internados em enfermarias covid-19, mas 12 dos quais em cuidados intensivos, com uma tendência de aumento de internamentos entre os mais jovens.
Os doentes internados nos hospitais de Faro e de Portimão têm idades entre os 23 e os 67 anos, “uma faixa etária mais baixa do que foi verificado em internamentos anteriores”.
“É realmente uma população mais jovem que temos internada e que não tem a vacinação”, apontou Ana Varges Gomes, sublinhando que há “um maior número de doentes jovens internados que estão mal, os quais não se sabe se vão recuperar totalmente ou se vão ficar com sequelas”.
Longo covid em jovens
O “longo covid” refere-se ao quadro de sintomas que permanecem após a recuperação da infeção por covid-19, que inclui fadiga, falta de ar, dor no peito e distúrbios cognitivos como falta de memória e concentração.
Apesar do número de mortes ser hoje muito mais baixo proporcionalmente, em comparação com as ondas anteriores, graças à vacinação, o longo covid começa a ser uma preocupação cada vez maior.
Com os os números de contágios a subir, vamos ter uma quantidade significativa de covid longo, especialmente nas idades mais jovens, onde as taxas de vacinação são atualmente muito mais baixas.
Especialmente no Algarve, os profissionais de saúde estão apreensivos com o evoluir da situação pandémica, “uma vez que as pessoas não estão a cumprir com o que deviam, ou seja, no respeito pelas recomendações” das autoridades de saúde, alerta Ana Varges Gomes.
O Algarve tem 450 mil habitantes para socorrer, mas na altura do verão, “passamos a ter cerca de dois milhões com alguma facilidade. Se as pessoas começarem a adoecer com covid, não existe estrutura nenhuma com capacidade para este tipo de aumento da população”, apontou.
Para aquela responsável, a situação epidemiológica no Algarve “merece alguma vigilância”, dado o aumento significativo de casos de infeções da doença das últimas semanas em faixas etárias mais baixas e dado a previsão do aumento da população durante o verão.
“Neste momento ainda não se perspetiva a abertura de mais camas, até porque mantivemos a atividade normal, mas a situação merece- nos vigilância pelo aumento de casos de infeções e para irmos tomando as decisões no dia a dia”, sublinhou.
Mas Ana Varges Gomes admitiu que caso a situação no Algarve se agrave significativamente, as próprias férias dos profissionais de saúde podem vir a ser afetadas, possibilidade já assumida pelo secretário de Estado coordenador da resposta à covid-19 na região.