A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu esta sexta-feira que já eram esperadas limitações nas urgências de ginecologia e obstetrícia de vários hospitais do país, durante este verão, e mostrou-se empenhada em minimizar os problemas.
“Sabíamos que íamos ter contingências durante o verão e sempre dissemos que o funcionamento em contingência durante o verão iria acontecer”, afirmou Marta Temido, no final de uma visita às obras do novo Hospital Central do Alentejo, em Évora.
Segundo a governante, no total, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem “cerca de 800 obstetras” e em cada um dos “38 pontos de urgências” desta especialidade “tem que estar uma equipa” de profissionais.
“Portanto, o funcionamento em rede, que sempre existiu, vai continuar a existir neste verão”, sublinhou, em resposta aos jornalistas que a questionaram sobre os condicionamentos, no próximo fim de semana, em nove hospitais.
Temido notou que agora “há uma informação clara” para a população sobre as limitações previstas e que, em agosto, entrará em vigor “o novo instrumento de pagamentos às equipas” para permitir “captar mais gente para fazer serviços de urgência”.
“Os sistemas de saúde têm problemas, a vida tem problemas. A questão é: como é que nos posicionamos em relação aos problemas? Há uns que baixam os braços, outros dizem que não há nada a fazer e que está tudo mal e há uns que fazem, como nós estamos a fazer”, realçou.
Questionada se o que o Governo está a fazer é suficiente, a ministra respondeu que “é o máximo possível neste momento”.
“Há coisas que só se resolvem com soluções estruturais, com uma negociação da carreira médica, com a valorização do trabalho dos enfermeiros e a criação de novas carreiras, que estão em desenvolvimento”, sublinhou.
Porém, de acordo com a titular da pasta da Saúde, existem outras situações que “são mais pontuais” e para as quais não são necessárias soluções de fundos, mas sim medidas “que minimizem os problemas”.
“Estamos nessa fase. Temos que ir construindo a bicicleta ao mesmo tempo que vamos montando as rodas. O que não podemos perder é a fé em que vamos melhorar as coisas”, frisou.
Realçando que problemas idênticos já ocorreram em anos anteriores, Marta Temido considerou que, este ano, ganharam “maior visibilidade”.
“Infelizmente, é uma realidade que se repete em algumas épocas do ano”, referiu, indicando que “os mesmos problemas” também se verificam noutros países europeus.
Desde junho, têm-se sucedido os encerramentos de serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia um pouco por todo o país, por dificuldades em assegurar escalas.
PORTIMÃO
Entre as urgências de Ginecologia/Obstetrícia afetadas pela falta de profissionais está o bloco de partos da Unidade de Portimão que vai encerrar no período entre as 09:00 do dia 21 e as 09:00 do dia 25 [segunda-feira]”, indicou o CHUA em nota enviada à Lusa.
Contudo, a administração do centro hospitalar, que integra os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, no distrito de Faro, adiantou que “está a ser reorganizada uma resposta assistencial coordenada entre as duas unidades, [Portimão e Faro]”.
A medida, adianta a administração do CHUA, garantirá, assim, “a segurança dos serviços prestados a nível regional”.
BEJA
As urgências de Ginecologia/Obstetríciaa de Beja encerraram esta sexta-feira pelas 18h00 para reabrir apenas no domingo. O serviço do mesmo hospital fechará também durante o dia de sábado.
Contactado pela Lusa, o diretor clínico da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), José Aníbal, explicou que durante o período em que é acionado o nível 4 do plano de contingência “não há urgência nem há serviço” de Ginecologia/Obstetrícia.
O responsável explicou, no entanto, que as utentes internadas, “em princípio”, vão permanecer no hospital, através da “visita” ao serviço por um médico residente em Beja.
“Em princípio, nós vamos conseguir mantê-las, como é um período de 12 horas [encerramento do serviço] à custa de um médico que mora em Beja e vai fazer a visita das utentes”, disse.
O diretor clínico da ULSBA indicou ainda que, durante o período em que os serviços estão encerrados, as utentes devem recorrer aos hospitais de Évora ou de Faro.
SANTARÉM
Por outro lado, a Urgência de Ortopedia do Hospital Distrital de Santarém (HDS) não está a receber doentes encaminhados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) desde as 08:30 de sexta-feira e até às 08:30 de sábado, informou a instituição.
Em resposta à Lusa, o HDS afirma que, por falta de ortopedistas, solicitou ao CODU o encaminhamento de doentes urgentes e emergentes para as unidades da rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS), no âmbito do mecanismo criado para assegurar a resposta quando há necessidade de adaptar os serviços, “de modo a assegurar os melhores cuidados de saúde” aos utentes.
As Urgências de Ginecologia e Obstetrícia (UGO) e o Bloco de Partos não enfrentam, neste momento, quaisquer condicionalismos no funcionamento, “encontrando-se no dia 23 de julho (sábado) a assegurar as referidas urgências no distrito” de Santarém, acrescenta.
O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), em resposta à Lusa, adiantou que o UGO e o Bloco de Partos da unidade de Abrantes estarão também condicionados entre as 09:00 de sábado e as 09:00 de domingo.
BRAGA
Por sua vez, a Urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Braga vai voltar a encerrar entre as 08:00 de domingo e as 08:00 de segunda-feira, confirmou à Lusa fonte daquela unidade hospitalar.
A informação de novo encerramento temporário deste serviço, durante 24 horas, devido à impossibilidade de completar as escalas de médicos, consta do Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e foi confirmada pela administração do hospital.
No último mês e meio, este será o nono encerramento, por um período de 24 horas, que vai afetar o Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Braga.
Nos comunicados emitidos anteriormente, a administração do hospital tem reiterado que, diariamente, envida “todos os esforços com a finalidade, sobretudo, de manter assegurada a prestação de cuidados de saúde”.
O Conselho de Administração do Hospital de Braga tem dito ainda que se encontra a trabalhar de forma articulada com outros hospitais da região, para que a resposta aos utentes seja garantida pela rede de instituições do Serviço Nacional de Saúde.
Em caso de urgência, solicita que os utentes contactem a Linha SNS 24 – 808 24 24 24 e se dirijam a um dos outros hospitais da região, nomeadamente aqueles que têm apoio da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia, entre os quais Guimarães, Famalicão e Viana.
Em casos de maior complexidade, aconselha o Centro Hospitalar de São João, no Porto.
ABRANTES
Já a Urgência de Ginecologia e Obstetrícia (UGO) do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), localizada na Unidade de Abrantes (distrito de Santarém), vai estar condicionada desde as 09:00 de sábado até às 09:00 de domingo, informou a instituição.
Em resposta à Lusa, o CHMT esclarece que, durante este período, a UGO de Abrantes “não receberá doentes urgentes transportadas por ambulância”.
“As grávidas e utentes com patologia ginecológica urgente que se desloquem ao Serviço de Urgência de Ginecologia-Obstetrícia do CHMT serão transferidas para outras unidades do SNS da região, num quadro de articulação e funcionamento em rede, que envolve o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo”, afirma.
O CHMT acrescenta que “irá garantir o transporte das utentes em ambulância, com toda a segurança e o acompanhamento de um enfermeiro especialista da instituição”.
“Durante todo o período de contingência, o Serviço de Urgência de Ginecologia-Obstetrícia do CHMT será assegurado por uma equipa de profissionais de saúde, constituída por um médico obstetra, três enfermeiros especialistas, entre outros elementos (como assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico e terapêutica), contando também com o apoio dos Serviços de Cirurgia Geral e de Anestesiologia, que prestarão cuidados de saúde circunscritos a situações de risco de vida iminente”, sublinha.
Segundo o CHMT, “esta equipa está preparada para dar resposta pronta a situações de emergência inadiável – que incluem, por exemplo, a realização de uma cesariana de emergência, ou outra condição de risco de vida iminente, como um parto prematuro, ou uma hemorragia pós-parto”.
“Reafirma-se que o CHMT, os hospitais da região, a ARSLVT – Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e o CODU/INEM se mantêm em estreita articulação, para garantir o normal funcionamento das urgências das maternidades da região”, conclui.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL, com Lusa