O secretário de Estado Adjunto e da Saúde admitiu ontem que a divulgação dos dados covid-19 por concelhos é “importante” e reiterou o compromisso de passar a divulgá-los aos autarcas para que “saibam com o que contam”.
“Ontem [segunda-feira] a senhora diretora-geral comprometeu-se que a Direção-Geral da Saúde, até ao final desta semana, transmitiria esses dados”, disse António Lacerda Sales que falava aos jornalistas em Valongo, no distrito do Porto.
O governante admitiu que esta é “uma matéria importante para os autarcas saberem com o que contam”.
“Os autarcas têm sido parceiros inexcedíveis e por isso têm de ter toda a informação”, referiu.
António Lacerda Sales está hoje no distrito do Porto onde visita os centros de retaguarda covid-19 montados quer para doentes infetados, no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde, concelho de Valongo, quer na Pousada da Juventude, no Porto, este para “não covid”.
A agenda também inclui uma reunião presidentes das Comunidades Intermunicipais da Região Norte e Presidente da Área Metropolitana Porto.
Questionado se entre a ordem de trabalhos para esta reunião está o tema dos dados por concelho, Lacerda Sales admitiu que essa “será uma das matérias a abordar”.
Em causa está o facto do número de casos por concelho não ser publicados há duas semanas, situação que já motivou críticas por parte de autarcas, nomeadamente a Norte.
Bem antes e desde o início da pandemia, notícias de vários jornais regionais já tinham condenado este ‘deficit informativo’ das entidades públicas relativo aos números diários de casos concelhios, situação que foi insistentemente denunciada também no jornal POSTAL.
Foi preciso chegar a terça-feira, para se fazer ‘eco’ no país [lê-se, graças à região Norte] quando o jornal “Expresso” noticiou que o sigilo relativo aos dados de novos casos de covid-19 desagregados por concelho estava a preocupar os autarcas do Norte, que dizem sentir-se de mãos atadas para agir localmente sem conhecer a origem dos novos casos ativos.
“É absolutamente indispensável para que se possa agir com celeridade”, considerou o presidente da câmara de Espinho, em declarações ao Expresso.
Também o autarca da Póvoa de Varzim, o social-democrata, Aires Pereira, considerou que “sem a origem das novas infeções” não consegue “ajudar a estancar a propagação, nem as forças policiais podem fiscalizar se quem está sob vigilância sanitária cumpre ou não o isolamento”.
“Só poderei partilhar qual o impacto das medidas quando receber o relatório detalhado”, disse, por sua vez, a presidente da câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, autarca que há dias semanas pediu ao Governo para implementar medidas de prevenção mais severas no seu concelho, o qual registava mais de mil casos ativos e mais de 3000 residentes sob vigilância.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,26 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 3.021 em Portugal.