A música faz parte do nosso quotidiano. Esteja em casa, no trabalho, no carro ou até a fazer desporto, é provável que esteja sempre acompanhado por algum tipo de som musical. Com a evolução das plataformas digitais, como o Spotify, YouTube ou Apple Music, as opções de géneros musicais ao dispor dos utilizadores nunca foram tão variadas. No entanto, a questão que muitos estudiosos têm colocado é: como é que afeta o cérebro? E, mais importante, poderá a música ter impacto na inteligência?
De acordo com o Conselho Mundial de Saúde Cerebral (GCBH), ouvir música é uma ferramenta poderosa para a estimulação do cérebro. “A música afeta diferentes regiões, incluindo as envolvidas na audição, emoções, memória, linguagem e capacidades de raciocínio”, apontam os especialistas. A relação entre música e cérebro já não é novidade, mas novos estudos têm vindo a aprofundar esta ligação, revelando que certos géneros musicais podem influenciar negativamente a capacidade cognitiva.
Uma das investigações mais comentadas nos últimos anos foi conduzida pelo programador americano Virgil Griffith, com o provocador título “Música que te deixa burro”. A sua análise centrou-se em como diferentes géneros musicais podem influenciar o desenvolvimento intelectual e cognitivo. Usando dados agregados do Facebook, Griffith cruzou as preferências musicais dos estudantes de várias universidades com as suas pontuações nos SAT (exame de admissão às universidades nos Estados Unidos). A análise sugeriu uma correlação entre o gosto musical e o desempenho académico.
Segundo Griffith, géneros como o reggaeton e alguns tipos de hip hop são menos propícios ao desenvolvimento da inteligência. Estes estilos de música tendem a ser caracterizados por estruturas repetitivas e letras simples, o que pode resultar numa menor ativação cognitiva. Como descreveu o The Wall Street Journal, “os alunos que preferem estes géneros apresentam, em média, um desempenho académico inferior”, levando o investigador a não recomendar que os jovens façam destes estilos musicais a sua principal escolha.
Se há música que pode não ser a mais indicados para estimular a inteligência, quais os géneros que oferecem benefícios cognitivos? Segundo um estudo recente das universidades de Warwick e Birmingham, no Reino Unido, a resposta está no rock. Este género musical, conhecido pela sua complexidade instrumental, mudanças súbitas de ritmo e letras profundas, tem sido associado a um maior desenvolvimento cognitivo.
A investigação revela que pessoas que ouvem rock com frequência apresentam um QI superior em comparação com ouvintes de outros géneros. Isto deve-se ao facto de o rock exigir maior envolvimento cerebral, estimulando a capacidade de pensamento crítico e a resolução de problemas. A alternância de sons e melodias inesperadas obriga o cérebro a trabalhar de forma mais ativa, o que pode contribuir para a melhoria das capacidades de raciocínio e memória.
Embora os resultados destes estudos não devam ser vistos de forma rígida, levantam questões interessantes sobre o impacto da música no desenvolvimento cognitivo. Se por um lado, o gosto musical é subjetivo, e cada pessoa tem as suas preferências individuais, por outro, é inegável que certos géneros musicais podem ter mais benefícios intelectuais do que outros.
O importante, como sugerem os especialistas, é manter uma mente aberta e procurar variedade no que ouvimos. Se o objetivo é estimular a inteligência, o rock parece ser uma escolha acertada, como explica o Executive Digest. Contudo, qualquer género que ofereça desafios musicais e letras que provoquem reflexão pode também ser uma excelente opção para nutrir o cérebro e manter a mente ativa.
Assim, da próxima vez que escolher a banda sonora do seu dia, lembre-se: a música que ouve não só afeta o seu estado emocional, mas pode também estar a influenciar a forma como o seu cérebro trabalha e se desenvolve, como a inteligência.
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