É uma doença que afeta entre 10% a 20% da população pediátrica e cujos efeitos ultrapassam aqueles que, muitas vezes, ficam à vista de todos na pele. A dermatite atópica aumentou de incidência nos últimos 40 anos e é uma das doenças crónicas que, sobretudo por aparecer maioritariamente nas camadas mais jovens da população, tem impacto na saúde mental.
“Qualquer adolescente gosta de ser como todos os amigos que conhece. E assumir perante os amigos e colegas que se tem um problema causa impacto”, explica a pediatra Maria do Céu Machado. Se a doença se manifestar nesta fase, o doente “é ainda um ser em desenvolvimento”, pelo que deixa sempre marcas.
A ex-presidente do Infarmed será uma das participantes na conferência “Saúde Mental e Doenças Crónicas”, organizada pelo Expresso e Sanofi como parte integrante do projeto “Doenças que Marcam”. Lembra Maria do Céu Machado que os adolescentes “querem estar integrados” e sentem uma “afinidade muito maior com o seu grupo de amigos do que com a família”. Se sofrerem um “tratamento diferente”, é suficiente para “não se sentirem bem”. São situações de stress que acabam por influenciar a “reconfiguração cerebral característica da adolescência”.
“Apesar de [a dermatite atópica] ser algo bastante comum, não temos uma sociedade suficientemente informada sobre a doença. É muitas vezes confundida com falta de higiene ou como uma coisa contagiosa”, acredita Joana Camilo
Para a presidente da ADERMAP (Associação Dermatite Atópica Portugal), Joana Camilo, os sintomas da dermatite atópica “vão além da pele” e, quando não está controlada, “a doença provoca momentos de crise, que são mais frequentes do que os momentos de calma”. Joana Camilo explica que o “mais impactante da doença é a comichão”, algo que ocorre “24 horas por dias”, e que “pode ser esgotante do ponto de vista física e psicológico”.
Não é de estranhar que à doença estejam associados “problemas de autoestima e ansiedade. Muitas vezes não sabemos como vamos acordar no dia seguinte”, atira. O que não é exclusivo dos mais novos, porque os adultos também podem contrair a doença e sentir-se estigmatizados por algo que acreditavam já não poder aparecer. Por isso, são necessárias ações de “sensibilização sobre a doença nas escolas e também nos mais velhos” para ajudar a normalizar a situação e aumentar a compreensão da comunidade. Joana Camilo pede também um melhor acesso aos cuidados de saúde necessários e o “acompanhamento da pessoa como um todo”.
73% dos doentes portugueses com dermatite atópica sentem impacto na sua qualidade de vida
Consulte em baixo a ficha do evento.
SAÚDE MENTAL E DOENÇAS CRÓNICAS
O que é?
O Expresso e a Sanofi juntam-se num projeto de promoção e literacia sobre “Doenças que Marcam”. Em parceria com a Associação Dermatite Atópica Portugal, vai-se realizar um evento com uma série de conversas e apresentações sobre “Saúde Mental e Doenças Crónicas”, com destaque para a dermatite atópica e o impacto psicológico provoca nas pessoas que têm que lidar com ela para o resto da vida.
Quando, onde, e a que horas?
17 de maio (amanhã, terça-feira), no edifício do grupo Impresa, a partir das 17h.
Quem são os oradores?
- Cristina Vaz Tomé, administradora, Impresa
- Francisco Rocha Gonçalves, head of Market Access and Public Affairs, Sanofi
- Joana Camilo, presidente, ADERMAP
- Isabel Lourinho, psicóloga
- Maria do Céu Machado, pediatra
- Cristina Lopes de Abreu, alergologista
- Maria João Paiva Lopes, dermatologista
- Miguel Teixeira, APODERMA
- Pedro Mendes Bastos, dermatologista
- Alexandre Lourenço, presidente, Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares
- Luis Gois Pinheiro, presidente, Serviços Partilhados do Ministério da Saúde
- Isabel Trindade, assessora para os assuntos da saúde, Ordem dos Psicólogos
- Antonio Leuschner, presidente, Conselho Nacional Saúde Mental
- Miguel Xavier, coordenador nacional, Políticas de Saúde Mental
Porque é que este tema é central?
A saúde mental ganhou destaque, fruto dos constrangimentos causados pela pandemia, mas há muito que deixa marcas nas pessoas que vivem com doenças crónicas e junto das suas famílias. É o caso da dermatite atópica, uma doença inflamatória crónica da pele que é relativamente comum, mas que continua a ser alvo de estigmatização e desinformação.
Onde posso ver?
Basta clicar neste LINK.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL