A Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA) realizou esta terça-feira, pelas 21:00, uma sessão online com o tema “Cirurgia do Ambulatório: 3 meses após a retoma”, cujo objetivo passou por discutir as alterações e os desafios que a COVID-19 trouxe à retoma da atividade cirúrgica de ambulatório.
De acordo com Carlos Magalhães, presidente da APCA e moderador da sessão: “A Cirurgia Ambulatória (CA) criou uma imagem de sucesso e de segurança junto da população, dos profissionais de saúde e dos conselhos de administração, que queremos manter, sendo, para tal, necessário ultrapassar os novos desafios impostos pela COVID- 19, e aproveitar esta nova situação, como uma excelente oportunidade de melhoria para uma maior implementação e crescimento da CA em Portugal”.
“A Direção da APCA decidiu organizar esta sessão nesta data, que coincide com o 22º aniversário da Associação, como forma de homenagear aqueles que foram os pioneiros da CA em Portugal, assim como todos aqueles que estão envolvidos diariamente na atividade da CA”, terminou.
“As principais alterações que realizámos na nossa Unidade de Cirurgia Ambulatória (UCA), foram relacionadas com as recomendações da APCA e da Direção-Geral da Saúde (DGS), que implicaram a reorganização dos espaços e circuitos dos pacientes e a aquisição de equipamentos de proteção individual (EPI)”, afirmou Lúcia Marinho, diretora do Serviço do Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório de CHTMAD – Unidade Hospitalar de Lamego.
E acrescentou: “Um dos principais desafios, é conseguir manter a segurança das cirurgias, conseguindo dar menos valor aos testes COVID-19, uma vez que apresentam uma falsa segurança, porque a sua eficácia depende de fatores, como: a técnica correta da colheita, a carga viral, o tempo decorrido entre o teste e a cirurgia. Devemos dar mais valor à distância entre doentes e à higienização das mãos, assim como à utilização de EPI pelos doentes e profissionais de saúde.”
Jelena Neves, responsável da Unidade de Cirurgia de Ambulatório Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), alertou para o notório aumento da taxa de cancelamento por alteração do estado clínico dos utentes devido a um menor acesso aos cuidados de saúde nos últimos meses; assim como por desistência do próprio doente, provocada por medo.
“Isto revela que a informação sobre as medidas de proteção implementadas é insuficiente. Por outro lado, e caso exista um doente com teste positivo, a cirurgia é cancelada, não sendo permitido que outra pessoa seja intervencionada, no seu lugar”.
Para Luís Gabriel, responsável da UCA de Beja, o atual problema que se vive na sua unidade, agravou-se com a COVID-19, uma vez que a ala dos Cuidados Intensivos se encontra no mesmo piso que a UCA.
“Como consequência, não há camas disponíveis, o que limita a realização de cirurgias em regime ambulatório.”
Durante mais de duas horas, foram discutidos os principais desafios que a COVID-19 trouxe à Cirurgia Ambulatória, entre as quais: o aumento da produtividade da cirurgia em regime ambulatório, com a mesma segurança e tranquilidade.
Ana Lares, da UCA de Faro, indicou que, para este efeito, é necessário reforçar as equipas, melhorar as taxas de ocupação e alargar o horário de funcionamento e incentivos à produção adicional.
A sessão contou com a moderação de Carlos Magalhães, presidente da APCA, Artur Flores, Célia Castanheira, Silva Pinto e Vicente Vieira, membros da APCA, e ainda com a participação de Francisco Matos, da UCA de Coimbra.