Portugal enfrenta uma onda de calor que se vai prolongar, pelo menos, até ao final da semana. Em várias regiões, os termómetros vão ultrapassar os 40º. Além do aumento do risco de incêndio, há preocupações ao nível da saúde pública.
Durante estes dias, “evitar a exposição solar direta, evitar estar em locais que estejam mais quentes e aumentar a ingestão de água” – além de “reduzir a atividade física, sobretudo quando exposta” – são os “conselhos fundamentais” de Bernardo Gomes, médico de saúde pública. “É fácil de entender que, quando estamos perante vários dias com este estímulo de calor, temos de planear a nossa vida no sentido de não nos expormos tanto, seja no nosso quotidiano, em férias ou em termos de exercício físico.”
HIDRATAÇÃO E ALIMENTAÇÃO
Bernardo Gomes explica que é essencial “aumentar a ingestão de água, mesmo que não sintamos essa necessidade de forma tão premente”. A alimentação também deve ser ajustada “no sentido de permitir maior aporte de alimentos com maior teor de água”. Deve-se “tentar evitar ou reduzir” o consumo de álcool, uma vez que este aumenta a “possibilidade de desidratar mais rápido e ter maiores efeitos” associados. A Direção-Geral da Saúde (DGS) sugere ainda a ingestão de sumos de fruta natural sem açúcar e a preparação de “refeições frias e leves”, consumidas mais vezes ao dia.
GRUPOS MAIS VULNERÁVEIS
É necessária particular atenção a dois grupos: as crianças e os idosos. No caso dos mais novos, “estamos a falar de crianças que não têm uma perceção tão grande das suas necessidades”. “Devem ser mantidas em locais frescos e devem ser estimuladas a beber líquidos para se manterem hidratadas”, destaca o especialista, que é também vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.
Quanto aos mais velhos, os cuidados redobrados devem-se ao facto de, com o envelhecimento, existir uma “menor capacidade regulatória daquilo que é a hidratação” e de poder haver “perda da ativação de alguns mecanismos, como a sede”, esclarece. Além de assegurar a hidratação e a permanência em ambientes frescos e arejados, a DGS recomenda o contacto e acompanhamento de “idosos e outras pessoas que vivam isoladas”.
Entre os grupos mais vulneráveis estão ainda, de acordo com a autoridade de saúde, doentes crónicos, grávidas, pessoas com mobilidade reduzida, trabalhadores com atividade no exterior, praticantes de atividade física e pessoas isoladas. Bernardo Gomes refere ainda as pessoas com insuficiências cardíaca, respiratória ou renal, em que a perda de volume de água poderá agravar-se.
EXPOSIÇÃO SOLAR
A DGS aconselha que se evite a “exposição direta ao sol”, especialmente entre as 11h e as 17h. As crianças com menos de seis meses “não devem estar sujeitas a exposição solar, direta ou indireta”.
O protetor solar utilizado deve ter um fator igual ou superior a 30, com aplicação renovada de duas em duas horas e depois de banhos na praia ou piscina. A escolha da roupa também é importante – além de “solta, opaca e que cubra a maior parte do corpo”, recomenda-se o uso de chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção ultravioleta.
As viagens de carro devem realizar-se nas “horas de menor calor” e não se deve permanecer “dentro de viaturas estacionadas e expostas ao sol”.
EXERCÍCIO FÍSICO
Uma vez que o exercício físico “corresponde também a uma elevação da temperatura corporal”, a prática em dias de maior calor faz “aumentar a possibilidade de desidratação”, afirma Bernardo Gomes. Por isso, a DGS indica que se evitem “atividades que exijam grandes esforços físicos, nomeadamente desportivas e de lazer no exterior”.
O especialista sugere que, nestes dias, “eventualmente com a exceção das horas iniciais da manhã, das horas da noite ou então em estruturas que estejam ventiladas e com ar condicionado a definir a temperatura, não há indicação para fazer exercício físico vigoroso”.
AREJAMENTO DA CASA
“Procurar ambientes frescos e arejados ou climatizados” é outra das medidas recomendadas pela DGS. Abrir janelas “durante o dia, quando a temperatura no exterior é maior do que dentro de casa, só vai favorecer o seu aquecimento”, aponta Bernardo Gomes. Assim, as janelas “devem estar fechadas durante o dia” e ser abertas “à noite e ao início da manhã para circular ar mais fresco”.
Em algumas casas, é possível optar por espaços interiores que “tenham menor temperatura”, como garagens ou caves, onde há a “oportunidade de as pessoas estarem com maior conforto durante algum tempo, se assim necessitarem”, acrescenta.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL