O Centro Hospitalar Universitário do Algarve garantiu hoje que mantém a atividade assistencial normal, apesar de haver uma maior afluência de utentes por causa do crescimento de casos de covid-19, mas sem registar um “aumento significativo”.
Questionado pela agência Lusa sobre a “pressão” que a falta de resposta do serviço telefónico da Linha Saúde 24 está a ter nas urgências hospitalares, devido ao aumento do número de casos de covid-19 que se têm registado nos últimos dias, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) adiantou também que se tem “mantido o número de internamentos sem grandes alterações na última semana, quer em enfermaria, quer em UCI [Unidade de Cuidados Intensivos]”.
A mesma fonte garantiu que, na “afluência aos Serviços de Urgência”, e apesar de se estar a registar “uma grande afluência, como é normal nesta altura do ano”, até ao momento não foi verificado “qualquer aumento significativo ou extraordinário” na procura por parte dos utentes da região do Algarve.
“Mais se informa que o CHUA continua na fase 2 do plano de contingência e por isso mantém a atividade assistencial normal. Caso se verifique necessário, avançaremos para as fases seguintes do referido plano”, assegurou ainda o centro hospitalar algarvio, que faz a gestão dos hospitais de Faro, Portimão e Lagos.
Ao contrário do que o CHUA reporta estar a acontecer no Algarve, há serviços de urgência de hospitais portugueses que têm registado “procuras recorde” nos últimos dias, em grande parte casos não urgentes, devido à “falência” das outras respostas do sistema de saúde, disse hoje à Lusa um responsável da associação de administradores hospitalares.
“Temos urgências sobrelotadas. Tem havido uma procura superior à média, quer por conta das patologias não covid, que já é habitual neste período do ano agudizarem-se, quer por conta de casos de covid-19 que têm subido muito fortemente nos últimos dias”, disse Xavier Barreto, vogal da direção da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).
Xavier Barreto afirmou que se trata de uma subida prevista, mas, disse, “o que não era previsível era a falência das outras respostas para estes doentes”, nomeadamente da Linha Saúde 24 e dos cuidados de saúde primários, que estão ocupados com atividades ‘Trace-Covid’ e com a vacinação.
“Os serviços de urgência hospitalares acabam por ser vítimas dessa falência das outras partes do sistema”, com “picos de procura enormes” nos últimos dias, considerou.
Segundo o responsável, 30% a 40% da procura que os hospitais têm tido nos últimos dias são de casos não urgentes, particularmente de doentes com covid-19, muitos deles para fazer o teste.
“Não faz sentido que as urgências estejam sobrelotadas com estes doentes, que deviam ter tido um outro tipo de resposta e infelizmente não tiveram”, lamentou.
A mesma fonte considerou ainda que o reforço da linha telefónica anunciado pelo Ministério da Saúde, assim como dos rastreadores de contactos suspeitos de covid-19, não faz sentido “depois de o problema já estar criado”.
“Devia ter sido feito antes, antecipando o problema e evitando que ele acontecesse”, mas, vincou, “vamos esperar para ver o que é que decorre destes reforços (…) e se se consegue recuperar isto, vamos ver”.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.921 pessoas e foram contabilizados 1.330.158 casos de infeção com o vírus da covid-19, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
No mundo, a covid-19 já provocou mais de 5,41 milhões de mortes desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.