Os cerca de 123 mil eleitores de São Tomé e Príncipe votam hoje nas eleições legislativas, autárquicas e regional, com os votantes na diáspora a eleger, pela primeira vez, dois deputados pela Europa e África.
As urnas abrem às 07:00 e encerram às 17:00 locais (mais uma hora em Lisboa). Nas duas ilhas que compõem o país, haverá 309 mesas de voto para os 123.301 eleitores.
No total, 11 partidos e movimentos, incluindo uma coligação, concorrem hoje aos 55 lugares da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, mas a disputa pela próxima liderança do Governo faz-se essencialmente entre o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD, no poder), liderado pelo atual primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, e a Ação Democrática Independente (ADI, oposição), chefiada pelo ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada.
Jorge Bom Jesus chefia o atual Governo em coligação com outras três forças – Partido da Convergência Democrática (PCD), a União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD) e o Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM).
O Movimento dos Cidadãos Independentes – também conhecido como movimento de Caué, distrito no sul do país –, dos irmãos António e ‘Nino’ Monteiro, concorre agora coligado com o Partido de Unidade Nacional (PUN), da Região Autónoma do Príncipe, e quer aumentar o número de deputados, depois de em 2018 se ter estreado no parlamento com dois eleitos.
O PCD não avançou para estas eleições, estando integrado no movimento Basta, que inclui figuras como o presidente da Assembleia Nacional, Delfim Neves (PCD), o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Patrice Trovoada, Salvador dos Ramos, e o antigo secretário-geral da ADI, Levy Nazaré.
O Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), agora liderado pelo antigo padre Miguel Gomes, e a UDD, com Carlos Neves, avançaram isoladamente.
Nas eleições legislativas de 2018, a ADI foi o partido mais votado, com 25 deputados, seguindo-se o MSLTP/PSD, com 23, a coligação PCD/UDD/MDFM, com cinco, e o Movimento de Cidadãos Independentes, com dois eleitos.
Outras formações políticas que concorrem às eleições de hoje são: Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-São Tomé e Príncipe), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo (Muda); Partido Novo; Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP) e o Partido de Todos os Santomenses (PTOS).
Pela primeira vez, 14.692 cidadãos residentes em 10 países da Europa e África elegem um deputado por cada círculo. Os restantes 53 deputados são escolhidos pelos seis distritos da ilha de São Tomé e pela região do Príncipe.
Os eleitores são-tomenses também têm de escolher os próximos presidentes das autarquias. Em 2018, o MLSTP conquistou as câmaras de Lembá, Caué, Água Grande, Cantagalo e Lobata, enquanto a ADI ficou à frente em Mé-Zóchi.
Também o Governo Regional do Príncipe vai a votos, concorrendo dois movimentos: a União para a Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), liderado pelo atual presidente, Filipe Nascimento, e a coligação Movimento Verde para o Desenvolvimento do Príncipe (MVDP) e MLSTP/PSD, encabeçada por Nestor Umbelina.
As eleições serão acompanhadas por mais de 100 observadores internacionais, incluindo 42 da União Europeia, 21 da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 25 da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), mas também do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Rede dos Órgãos Jurisdicionais e de Administração Eleitoral dos Países de Língua Portuguesa (ROJAE-CPLP) e das embaixadas do Reino Unido e dos Estados Unidos da América.
O orçamento da Comissão Eleitoral Nacional para a realização destas eleições é de cerca de 1,3 milhões de euros, tendo contado com contribuições de vários países, incluindo Portugal, e da União Europeia e Nações Unidas.
No sábado, o Presidente da República de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, apelou ao voto e pediu aos são-tomenses para que não cedam ao ceticismo e não se “divorciem da democracia”.