O secretário-geral do PS pediu hoje a mobilização de todos os socialistas para uma vitória nas eleições autárquicas, considerando que o tempo atual é de recuperação, de inconformismo na ação e não de ausência ou de desânimo.
Este apelo relacionado com as eleições autárquicas de 26 de setembro foi transmitido por António Costa no final do seu primeiro discurso no 23º Congresso Nacional do PS, no Portimão Arena, que dedicou em grande parte às consequências da pandemia da covid-19 no país.
“O processo de vacinação abre-nos agora a esperança de manter a pandemia sob controlo, as medidas de política económica e social adotadas permitiram estabilizar a economia e o emprego, perspetivando-se um forte crescimento com convergência com a União Europeia e com os países mais desenvolvidos”, começou por dizer António Costa, antes de deixar um recado aos membros do seu partido.
“Agora, cabe-nos fazer mais e melhor. Não somos daqueles que nos conformamos com mais do mesmo, mas, antes, somos aqueles que temos a ambição de ir mais longe, mais depressa e levar o país para a frente”, declarou o secretário-geral do PS.
Neste contexto, António Costa frisou então que “este não é o tempo para se estar ausente, mas para se estar presente”.
“Este não é o tempo de desanimarmos. É o tempo de nos animarmos. Este é o tempo de arregaçar as mangas, não só daqueles que estão no Governo, mas também daqueles que estão nas freguesias e nas câmaras ou em todos os locais em que se pode fazer a diferença”, especificou.
Para o líder socialista, a menos de um mês das eleições autárquicas, é necessário que haja “grande mobilização” por parte do PS.
“Não somos um partido qualquer, somos o maior partido autárquico português. Somos um grande partido nacional popular. Somos o único partido que tem autarquias nos Açores, na Madeira, no Algarve, no Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo, no Centro e no Norte”, referiu, acrescentando: “Queremos continuar a ser o maior partido nas freguesias e nas câmaras, não para pôr uma bandeira do PS, mas porque todos somos poucos para servir Portugal”.
Costa promete reforçar Estado Social e afirma que país já converge com a UE
O secretário-geral do PS promoveu hoje uma ovação dos congressistas aos profissionais de saúde pelo combate à pandemia, fez uma cerrada defesa do Estado Social e afirmou que Portugal já está a crescer acima da média europeia.
Estas foram algumas das principais linhas do primeiro discurso de António Costa no 23º Congresso Nacional do PS, no Portimão Arena, em grande parte dedicado às consequências da pandemia da covid-19 em Portugal e ao processo de recuperação do país após a crise sanitária, económica e social.
Com a ministra da Saúde, Marta Temido, nova militante do PS, sentada na mesa do Congresso, o líder socialista destacou o papel dos profissionais de saúde no combate à covid-19 desde março de 2020.
“Temos de dirigir uma saudação muito calorosa a todos os profissionais de saúde: Médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, assistentes operacionais, graças aos quais 94% dos doentes estão hoje recuperados, e esperemos que de boa saúde”, declarou António Costa, motivando uma prolonga salva de palmas dos congressistas socialistas, todos de pé, ao longo de qual um minuto.
Depois de destacar também o papel das Forças Armadas, do setor social e o sentido cívico com que os portugueses respeitaram e cumpriram os dois confinamentos, António Costa saiu em defesa do Estado Social, prometeu reforçar os investimentos em particular no Serviço Nacional de Saúde (SN) e aproveitou para traçar aqui algumas linhas de demarcação ideológica face aos partidos à direita do PS.
“Há cinco grandes lições, do meu ponto de vista, a retirar desta pandemia. A primeira é que um Estado social forte é imprescindível. Sem um Estado social forte nós não teríamos tido o músculo da Segurança Social a apoiar os rendimentos e a apoiar os empregos e a apoiar as empresas. Sem um Estado social forte nós não teríamos tido, sobretudo, um SNS que foi a grande resposta a esta pandemia”, sustentou.
Para futuro, o secretário-geral do PS prometeu reforçar os investimentos no SNS: “Sabemos que este é um esforço que tem de continuar e estamos a continuar”.
“Ao contrário do que muitos prognosticavam, nunca nenhum profissional de saúde teve ao longo desta pandemia de ser sujeito à violência dessa escolha terrível que é decidir quem salva ou quem deixa morrer, porque em todas as circunstâncias o SNS teve capacidade de responder às necessidades de cuidados de urgência dos portugueses. Sim, nós vamos continuar a trabalhar pelo SNS, nós vamos continuar a reforçar o SNS”, acentuou.
Depois do elogio ao SNS, António Costa falou sobre a via que disse ter seguido no combate à crise – via que recusou “a austeridade” e privilegiou a manutenção dos rendimentos e dos empregos.
“Fomos capazes de intervir para salvar empresas absolutamente estratégicas para o país, como é a TAP. Iremos salvá-la, porque é fundamental para assegurar a coesão territorial e a internacionalização da nossa economia”, justificou, antes de falar sobre os resultados das suas políticas dirigidas às empresas e ao emprego.
“Na crise passada, em 2013, o desemprego chegou aos 18,5%. Nesta crise, quando tivemos a maior queda do produto, com setores de atividades parados, no pior momento, o desemprego não ultrapassou os 8% – e neste momento está nos 6,7%”, referiu.
Neste contexto, o líder socialista procurou salientar medidas adotadas de aumento do salário mínimo, de apoios às empresas e a diferentes setores sociais atingidos pela crise, dizendo que essas mesmas políticas “geraram confiança” na economia em geral.
“Apesar de dois confinamentos muito duros, um deles no primeiro trimestre deste ano, estamos a crescer acima da zona euro, acima da União Europeia, o que significa que, tal como tinha acontecido em 2017, em 2018 e em 2019, também em 2021 o país retomará a trajetória de convergência”, sustentou.
Perante os congressistas do PS, António Costa abordou também outras “lições da pandemia”, para além do papel imprescindível do SNS e da recusa da austeridade.
António Costa defendeu então a tese de que se o país não estivesse com finanças públicas sólidas no final de 2019 não teria sido possível gastar para se proteger as pessoas e as empresas no período de pandemia a partir de março de 2020.
A lição, na sua perspetiva, é que Portugal tem de continuar a apresentar “contas certas”, até por uma questão de credibilidade junto dos mercados internacionais. Neste ponto, observou que o país conseguiu uma emissão de dívida a dez anos com juros negativos.
“Se houvesse medo pelas nossas políticas, este resultado seria impossível”, comentou, antes de visar os eurocéticos e de falar na lição sobre a importância da União Europeia ao longo desta crise, quer na compra conjunta de vacinas contra a covid-19, quer na decisão de avançar paria a emissão de dívida conjunta.
“Foi uma honra Portugal ter tido a presidência [rotativa] do Conselho da União Europeia num momento tão difícil. Mas agimos e cumprimos”, advogou, aqui numa alusão aos processos de ratificação nacionais do fundo de recuperação e resiliência.
Para o secretário-geral do PS, a quinta e última lição da pandemia foi a necessidade de Portugal dar resposta “mais rápida” às vulnerabilidades sociais que focaram patentes com a crise sanitária e económica, a começar na precariedade laboral em vários setores de atividade.
No seu discurso, o líder socialista prometeu intensificar o combate à corrupção, apontando que o seu Governo já apresentou a este nível uma proposta de “estratégia nacional”.
“Esses diplomas dão tradução a uma maior agilidade processual e uma maior eficácia na punição de quem comete esse crime que mina a confiança dos cidadãos na democracia, subverte o funcionamento da economia e, sobretudo, viola o princípio da igualdade. Vamos continuar a combater com toda a nossa energia a chaga da corrupção”, disse.
António Costa elogiou ainda Portugal pelos resultados ao nível da segurança, na redução da área ardida das florestas e pelas primeiras posições no processo de vacinação – indicador que atesta que “os portugueses acreditam na ciência”.
Costa prevê 70% dos menores entre 12 e 17 anos com uma dose da vacina até domingo
O secretário-geral do PS e primeiro-ministro prevê que, “se tudo correr bem”, até domingo 70% dos menores de idade entre os 12 e os 17 anos estejam vacinados com uma dose da vacina contra a covid-19.
António Costa elogiou os portugueses em geral “pelo extraordinário sentido cívico” com que têm enfrentado a covid-19 e “pela forma extraordinária como, vencendo as agruras, os receios, todas as campanhas, confiaram na ciência e confiaram na vacinação como grande arma para vencer esta pandemia”.
“E o que dizer desse extraordinário exemplo de maturidade cívica que nos têm dado as nossas crianças e os nossos jovens, que neste fim de semana, se tudo correr bem, vão permitir chegarmos ao final de domingo com 70% das crianças e jovens entre os 12 de os 17 anos com a primeira dose da vacina contra a covid-19? Que extraordinário exemplo e grande lição para todos nós”, acrescentou.
António Costa referiu que graças à adesão da população, Portugal pode orgulhar-se de ser “um dos países do mundo com maior taxa de vacinação” contra a covid-19.
A vacinação generalizada dos jovens de 16 e 17 anos começou em 14 de agosto.
Em 10 de agosto, a Direção-Geral de Saúde (DGS) recomendou também a vacinação universal das crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos, deixando de a restringir a casos considerados de risco, que teve início no dia 21.
Em Portugal, desde março de 2020, já morreram mais de 17 mil pessoas com covid-19 – que hoje o secretário-geral do PS e primeiro-ministro recordou, no seu discurso de abertura do Congresso de Portimão – e foram contabilizados mais de um milhão de casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a DGS.