O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, admitiu esta segunda-feira que o governo cometeu um erro ao relaxar algumas restrições e pediu desculpa, numa altura em que os Países Baixos sofrem um aumento de casos de covid-19. O governo tinha autorizado há duas semanas a reabertura de discotecas, mas devido à rápida disseminação da variante contagiosa Delta, especialmente entre os jovens, decidiu recuar.
Rutte anunciou na sexta-feira uma série de medidas para conter o surto de contaminação, incluindo o encerramento de clubes noturnos e restaurantes à meia-noite. “Foi cometido um erro de julgamento. Pensávamos que seria possível, mas não é a realidade. Pedimos desculpa por isso”, afirmou Mark Rutte a jornalistas em Haia.
Mais de 8.500 novos casos foram contabilizados hoje, em comparação com os 500 de há duas semanas, números iguais aos valores recorde de dezembro de 2020. No entanto, o número de hospitalizações não aumentou significativamente, já que as infeções envolveram maioritariamente os jovens.
“O número de casos está a crescer mais rápido do que o esperado. Estamos a ver um aumento exponencial no número de infeções, especialmente entre os jovens de 18 a 25 anos”, indicou em carta enviada na semana passada ao Parlamento o comité de cientistas (Outbreak Management Team, OMT) que assessora o governo.
Nesse documento, o organismo referiu que as infeções ocorreram principalmente em casas noturnas e na indústria de restaurantes e que, “fora dessa faixa etária, não há um aumento óbvio”.
Os organizadores de eventos e festivais mostraram-se “furiosos” com o retrocesso do governo, denunciando um “golpe fatal” para o setor. Cerca de 80% da população recebeu pelo menos uma dose da vacina e 50% recebeu as duas, afirmou na sexta-feira o ministro da Saúde, Hugo de Jonge.
Boris admite “recuar” se a pandemia piorar
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu voltar a impor restrições para controlar a pandemia de covid-19, apesar de antes ter dito que pretendia que o desconfinamento fosse “irreversível”. “Vamos manter todos os dados sob revisão constante ao longo do resto deste ano, provavelmente também no próximo ano. E se observarmos circunstâncias muito excecionais, como a chegada de alguma nova variante que não tenhamos previsto e que cause problemas, obviamente, não devemos descartar nada”, afirmou esta segunda-feira durante uma conferência de imprensa.
Johnson lembrou que “a pandemia não acabou” e que é preciso avançar cautelosamente. “Claro que espero que seja irreversível, mas para ser irreversível é preciso sermos cautelosos”, referiu.
O Governo britânico confirmou hoje que a maioria das medidas de confinamento serão levantadas em Inglaterra em 19 de julho, embora reconheça que o número de infeções vai continuar a aumentar e potencialmente chegar aos 100.000 novos casos por dia no verão.
O executivo concluiu que estão cumpridos os quatro testes definidos para desconfinamento, nomeadamente o sucesso da vacinação, indícios de que as vacinas estão a reduzir as hospitalizações e mortes, que as taxas de infeção não correm o risco de sobrecarregar os serviços de saúde e que nenhuma nova variante possa ser particularmente perigosa.
A partir de 19 de julho, o uso de máscaras deixa de ser obrigatório por lei e os limites aos ajuntamentos deixam de ter limites em espaços abertos (30 pessoas atualmente) e espaços fechados (seis pessoas). Isto significa que casamentos, funerais e outros eventos poderão realizar-se sem limites ou restrições, e teatros, salas de concertos e restaurantes poderão funcionar normalmente e com a capacidade total. Discotecas e outros espaços de animação noturna poderão também voltar a funcionar pela primeira vez desde março de 2020.
O principal assessor científico do Governo, Patrick Vallance, admitiu na mesma conferência de imprensa que “não há dúvidas” de que o Reino Unido está numa terceira vaga da pandemia provocada pela variante Delta, e que por isso, as infeções e hospitalizações vão continuar a aumentar durante o verão.
No entanto, referiu, graças à vacinação contra a covid-19 o risco de hospitalização é cerca de quatro vezes menor do que era antes e o risco de morte é 9-10 vezes menor. “Mas [o risco] ainda existe”, acrescentou.
O diretor geral de Saúde de Inglaterra, Chris Whitty, disse que a “vaga vai acontecer, independentemente da data” do desconfinamento, mas também mostrou preocupação com o aumento dos internamentos hospitalares. “Quando mais devagar avançarmos, menos pessoas vão ter covid e menos pessoas vão para o hospital ou morrer”, argumentou.
Nos últimos sete dias, entre 6 e 12 de julho, a média diária foi de 29 mortes e 32.599 casos, o que corresponde a uma subida de 56,2% no número de mortes e de 28,1% no número de infeções relativamente aos sete dias anteriores. A média diária de pessoas hospitalizadas foi de 440 entre 30 de junho e 06 de julho, um aumento de 56,6% face aos sete dias anteriores.
Na quinta-feira, dada dos dados mais recentes, estavam hospitalizados 2.731 pacientes, dos quais 417 com auxílio de ventilador. Desde o início da pandemia, foram notificados 128.431 óbitos de covid-19 num total de 5.155.243 infeções confirmadas no Reino Unido.
Até domingo, 87,2% da população adulta já tinha recebido uma primeira dose de uma das vacinas disponíveis e 66,2% já tem a vacinação completa.