O Presidente da República explicou, esta quinta-feira, o aviso que fez diretamente ao primeiro-ministro no discurso de tomada de posse do XXIII Governo Constitucional. Marcelo reiterou que “os portugueses votaram numa cara, num rosto”, pelo que não foi ele quem fez um ultimato a António Costa, mas sim o povo ao dar-lhe uma maioria absoluta.
À margem do evento “Artistas no Palácio de Belém”, o chefe de Estado explicou, em declarações aos jornalistas, o aviso direto ao primeiro-ministro que marcou o seu discurso na cerimónia de tomada de posse do novo e terceiro Governo de António Costa.
“O primeiro-ministro [com a maioria absoluta] ficou refém do povo“, afirmou Marcelo, explicando que os portugueses votaram “num partido, num cara, num rosto, numa pessoa”.
O Presidente da República recusa, neste sentido, ter feito qualquer ultimato a Costa. “O ultimato não é meu é um ultimato do povo, o povo disse ‘queremos este partido e queremos o senhor’, portanto nesse sentido é refém do povo, que quis dar maioria absoluta aquele partido e aquele primeiro-ministro“.
“E tenho a certeza que o primeiro-ministro compreende isto, percebe a importância disto e o facto de o ter recordado [ontem] disso mesmo”, vincou.
O AVISO: O PRIMEIRO-MINISTRO NÃO PODE SER SUBSTITUÍDO “A MEIO”
Foi o discurso do Presidente da República que marcou a cerimónia de tomada de posse do XXIII Governo Constitucional. Dirigindo-se diretamente ao primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou António Costa que os portugueses deram a maioria absoluta “a um partido, mas também a um homem que fez questão de personalizar o voto”.
“Agora que ganhou e ganhou por quatro anos e meio tenho a certeza que vossa Excelência sabe que não será politicamente fácil que esse rosto, essa cara que venceu de forma incontestável e notável as eleições, possa ser substituída por outra a meio do caminho. Já não era fácil no dia 30 de janeiro, tornou-se ainda mais difícil depois do dia 24 de fevereiro”, afirmou o Presidente da República.
Este, acrescentou, “é o preço das grandes vitórias, inevitavelmente pessoais e intencionalmente personalizadas. E é sobretudo o respeito da vontade inequivocamente expressa pelos portugueses”.
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