O secretário-geral do PCP propôs hoje um reforço do complemento de alojamento para os estudantes do ensino superior e defendeu o aproveitamento de “todos os edifícios públicos” para aumentar a oferta de camas.
“É preciso construir mais residências e aproveitar todos os edifícios públicos que tenham condições para isso, para acelerar o processo”, defendeu Jerónimo de Sousa numa intervenção no Encontro de Quadros da Juventude Comunista Portuguesa (JCP), em Lisboa.
Jerónimo de Sousa afirmou também que “o PCP vai propor que se crie uma comissão de acompanhamento da concretização do plano, que inclua as universidades e politécnicos, bem como representantes dos estudantes, para além do reforço do complemento de alojamento, para todos os estudantes”, sem especificar, no entanto, o valor.
O secretário-geral do PCP, adiantou que o partido “continuará a defender o fim das propinas e o reforço da ação social escolar e do financiamento do ensino superior público como elementos estruturais de uma outra política no ensino superior”.
Sobre a questão do alojamento, o líder comunista apontou que “há cerca de 120 mil estudantes deslocados”, mas “apenas 15 mil camas públicas” e, fora de residências, a oferta “não existe, a não ser a valores proibitivos para as famílias”.
Jerónimo de Sousa considerou que “os preços escandalosos de quartos, partes de quarto ou até despensas com que alguns procuram amealhar mais algum, não é fruto do acaso, antes é o resultado de opções de deixar ao mercado a resposta a uma necessidade básica” e criticou que “esse negócio só é possível porque, ao longo de décadas, PS, PSD e CDS, não fizeram os investimentos que tantas vezes exigimos, ao lado dos estudantes, na construção dos alojamentos em falta”.
E considerou que “os que hoje, como o PSD, choram lágrimas de crocodilo pela falta de alojamento, devem responder pelas responsabilidades que têm nessa situação, pela degradação a que votaram as residências existentes, pela ausência de investimento na construção de novas”.
“Mas também o PS, que anuncia vezes sem conta novas camas sem que isso tenha concretização, deve assumir as responsabilidades por pôr à frente das necessidades dos estudantes, o défice, a dívida e os ditames da União Europeia e do euro”, criticou.
Depois de ouvir testemunhos de alguns jovens presentes sobre as dificuldades que têm sentido, o secretário-geral do PCP considerou que a sua geração “viveu melhor” do que a dos seus pais, mas as suas “filhas e netos estão a viver pior”.
Jerónimo de Sousa apelou aos jovens para se mobilizarem e lutarem contra “este retrocesso histórico”, defendendo que a “juventude portuguesa não tem que ter como única perspetiva viver pior do que os seus pais”.
Apontando que este “é um momento importante” em que existem “problemas sério e graves”, Jerónimo de Sousa salientou que os jovens “não podem ser força assistente, têm de ser protagonistas do vosso próprio futuro, do futuro do Portugal democrático, do futuro e da felicidade da juventude portuguesa”.