O Partido Popular (PP, direita) venceu assim em três das quatro maiores cidades espanholas, com a exceção de Barcelona, onde se deu, por outro lado, uma das maiores surpresas destas eleições locais, com a vitória do Juntos Pela Catalunha (JxCat), o partido de direita independentista do ex-presidente do governo regional Carles Puigdemont.
“Serei presidente da câmara de Barcelona”, disse o candidato do JxCat, Xavier Trias, quando estavam contados 98% dos votos na cidade.
Trias, que já foi presidente da câmara de Barcelona entre 2011 e 2015, não venceu, porém, com maioria absoluta, pelo que o governo da cidade dependerá de pactos pós-eleitorais.
O segundo partido mais votado em Barcelona foi o BComú (esquerda), da atual presidente da câmara, Ada Colau, e o terceiro o partido socialista, sendo que as sondagens das últimas semanas e as projeções feitas hoje davam um empate entre estas duas forças.
Em Madrid, o PP recandidatou Jose Luis Almeida a presidente da câmara e conseguiu uma maioria absoluta, depois de nos últimos quatro anos se ter desentendido de acordos com outros partidos de direita para governar a cidade.
Em Sevilha, a maior cidade que estava nas mãos dos socialistas, o PP foi também o partido mais votado.
Com todos os votos contados na capital da Andaluzia, o PP elegeu 14 vereadores (tinha 8), o PSOE conseguiu 12 (perdeu um) e o VOX conquistou três (mais um), sendo que a maioria absoluta se consegue com 16.
Em Valência, o partido Compromís, do presidente da câmara Joan Ribó, que liderava a coligação de esquerda à frente da cidade, perdeu as eleições e reconheceu que houve na cidade “uma mudança de maioria absoluta” para a direita, com o PP a eleger 13 vereadores (mais oito do que nas eleições anteriores) e o VOX quatro (mais dois).
Globalmente, com mais de 97% dos votos contados, o PP foi o partido mais votado nas eleições municipais de hoje em Espanha, com 31,5% dos votos, seguido pelo PSOE, com 28,18%.
Os resultados refletem uma mudança em relação às eleições municipais anteriores, de 2019, em que o PSOE teve 29,38% dos votos e o PP conseguiu 22,62%.
Esta é também considerada a primeira vitória eleitoral do PP em Espanha desde 2015.
Os resultados confirmam também o avanço da extrema-direita, com o VOX a conseguir nas eleições locais de hoje 7,19% dos votos, depois de ter tido 3,56% em 2019.
Além de eleições municipais, houve hoje regionais em 12 das 17 comunidades autónomas espanholas, mas a contagem de votos é mais lenta.
No entanto, as contagens que se conhecem apontam também para o avanço do PP e do VOX e perdas do PSOE.
Os líderes nacionais dos partidos não fizeram ainda declarações, mas o espírito de vitória é visível junto à sede do PP, em Madrid, onde se estão a juntar apoiantes do partido e está montado um palco para a celebração.
Estas eleições foram a primeira ida a votos este ano em Espanha, que tem também legislativas nacionais previstas para dezembro, no final de uma legislatura marcada pela primeira coligação governamental no país, entre o PSOE e a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos.
Mais de 35,5 milhões de eleitores foram chamados a votar para os órgãos de governo de mais de 8.100 municípios.
Mais de 18,3 milhões desses eleitores foram, em simultâneo, convocados para votar na eleição de 12 parlamentos regionais.
As municipais, as eleições que hoje se realizaram em todo o país, estão a ser vistas como um prenúncio das legislativas de dezembro, com o PSOE, à frente do Governo nacional desde 2018 e liderado pelo também primeiro-ministro Pedro Sánchez, a medir a sua resistência.
Já o PP elegeu um novo líder, Alberto Núñez Feijóo, há pouco mais de um ano que enfrenta hoje o primeiro grande teste eleitoral e que transformou as eleições de hoje num referendo ao executivo nacional liderado pelos socialistas.
Além da disputa entre PSOE e PP, hoje está também em causa verificar a dimensão do esperado avanço da extrema-direita do VOX na generalidade do país.