José Chaparro recusa as críticas de oportunismo político e vai mais longe: “quem não deve não teme e eu não devo nada a ninguém”. Quanto às suas preocupações para o concelho, centra o seu foco na necessidade de inverter o problema do envelhecimento em Monchique e a falta de condições para atrair e fixar os jovens. Nas outras questões, as suas propostas alinham-se com as dos restantes candidatos: habitação, infraestruturas e apoios sociais.
P – Quais são os seus objetivos para estas eleições?
R – O meu objetivo é promover o desenvolvimento de Monchique e criar condições de bem-estar e prosperidade para que as pessoas aqui possam viver e criar os seus filhos.
Como sabe, um dos problemas de Monchique, tal como de todo o interior do país, é a saída dos jovens e, por consequência, o envelhecimento da população.
Os dados estatísticos do INE confirmam que o índice de envelhecimento de Monchique é muito elevado, sendo enorme a disparidade entre o número de idosos e o número de jovens no concelho.
Assim, é essencial tomar medidas para atrair a fixação dos jovens, criando incentivos ao nível do emprego, da habitação, do ensino, ao nível fiscal. Isto é a base. As pessoas são o mais importante.
Não tomo decisões com medo do que os outros possam pensar e muito menos com medo das acusações
P – Foi e exerce ainda o cargo de vereador para que foi eleito na lista do PSD, de Rui André. Durante o mandato entrou em rutura política com o presidente e a maioria na Câmara. O que é que se alterou para essa mudança de atitude que o levou a apresentar-se agora como candidato do CDS?
R – Não sei a que se refere quando diz que entrei “em rutura política com o presidente e a maioria na Câmara”.
É certo que nem sempre estive de acordo com propostas que foram apresentadas para serem votadas em sessão de Câmara, como pode ser consultado nas atas.
Mas penso que isso faz parte do funcionamento normal das instituições, em democracia.
E diz bem que “fui e exerço ainda o cargo de vereador para que fui eleito”. Precisamente porque fui eleito, o meu dever era e é representar e defender os interesses dos munícipes que nos elegeram, a mim e aos outros membros do executivo. Por isso, o debate das questões para se encontrar a melhor solução que vá ao encontro das necessidades dos munícipes que nos elegeram, não pode ser entendido como rutura política, mas como único caminho a seguir, no respeito pela confiança que os eleitores depositaram naqueles que elegeram.
Quanto à minha candidatura pelo CDS-PP devo recordar que em 2017, quando integrei as listas do PSD, o fiz como independente. E é como independente também, que aceitei o convite que agora me fez o CDS-PP.
P – Não receia de que seja acusado de um certo oportunismo político?
R – Não receio que me acusem de nada, porque eu tomo as decisões, na minha vida, pessoal ou profissional, de acordo com a minha consciência e de acordo com aquilo que acho certo. Não tomo decisões com medo do que os outros possam pensar e muito menos com medo das acusações. Quem não deve não teme. E eu não devo nada e, por isso, nada tenho a temer.
Além disso, não é ao PSD que eu tenho de prestar contas.
É ao povo de Monchique que me elegeu que tenho de prestar contas e são os eleitores que têm legitimidade para me julgar pelo trabalho que desenvolvi na defesa dos seus interesses.
Apesar das dificuldades que enfrentei e com algumas das quais já contava, não sou pessoa de virar costas ou desistir, quando as dificuldades surgem
P – O PSD acusa-o de apesar da sua posição crítica, de não abdicar das vantagens inerentes ao cargo. O que responde?
R – Diz-me que o PSD me acusa de apesar da minha posição crítica, de não abdicar das vantagens inerentes ao cargo. Fico surpreendido que o partido envie essa “acusação”, por recado, através desta entrevista. Permita-me que duvide que seja o PSD a “acusar-me”, ou que o corrija: provavelmente terá sido alguma pessoa ou pessoas que, embora possam ser filiadas , não representam o partido.
Também não sei a que se refere quando fala das “vantagens inerentes ao cargo”. Para além do vencimento, nunca tive quaisquer “vantagens inerentes ao cargo”. Certamente que a pessoa ou pessoas que me acusam conhecem essas “vantagens”, já que as invocam embora não digam quais são.
Como disse, para além do vencimento, tive muitas dificuldades e obstáculos no exercício do cargo, o que é normal.
Quando entrei na Câmara, como vereador, já sabia que não ia ser fácil. Um cargo público não é para usufruir de “vantagens”, é para zelar pelo bem comum, o bem de todos.
Mas se quer perguntar a razão pela qual não me demiti, vou dizer-lhe, muito sinceramente, porque apesar das dificuldades que enfrentei e com algumas das quais já contava, não sou pessoa de virar costas ou desistir, quando as dificuldades surgem.
Sempre senti que tinha um compromisso para com os eleitores, com os munícipes de Monchique, com esta terra onde nasci e que amo e, por isso, não os iria desiludir, desistindo.
Por eles, pelos monchiquenses, aceitei o convite que me foi feito em 2017 e fiquei e vou respeitar esse compromisso até ao fim.
Pela mesma razão, aceitei o convite que me foi formulado pelo CDS-PP, como independente.
Tal como também já disse na apresentação da minha candidatura, porque acredito no potencial da minha terra e dos meus conterrâneos, com a colaboração de todos, desejo transformar Monchique num concelho desenvolvido, próspero e feliz.
Trabalhar em função do bem comum
A sua candidatura não éo resultado de não ter sido o escolhido pelo PSD…
Esta candidatura não é contra ninguém, visando antes e sim unir os monchiquenses, em torno de objetivos essenciais para construímos o nosso futuro coletivo: privilegiarmos as pessoas, criando condições para a fixação das nossas gentes no concelho; elaborarmos os instrumentos de ordenamento do território fundamentais para a definição de uma estratégia de desenvolvimento local; apostarmos na criação de condições para atrair investimento privado, privilegiando a diversificação da atividade económica; criarmos equipamentos públicos que atraiam visitantes e ajudem a preservar e valorizar a nossa identidade e memória coletivas; valorizarmos, enfim, o nosso território e os nossos recursos naturais.
O compromisso que assumo em nome desta equipa, com cada um dos meus conterrâneos, é o de trabalhar sempre em função do bem comum, de forma a que cada monchiquense se sinta sempre respeitado e valorizado, seja qual for a sua circunstância e a sua orientação político-ideológica.