A médica Elza Cunha, cabeça de lista do PAN ao município farense, quer colocar o combate à “emergência climática” no centro da ação política, sobretudo numa cidade como Faro, cuja proximidade ao mar a torna mais vulnerável às alterações climáticas.
Em declarações à Lusa, a médica de família, de 62 anos, dedicada desde 2017 ao tratamento das dependências, lamentou que as políticas seguidas, que considera serem “transversais a todas as forças políticas”, estejam centradas no lucro e a ser pensadas a “curto prazo”.
Sendo uma cidade litoral, a capital algarvia pode vir a enfrentar dificuldades devido à previsível subida do nível do mar, advertiu a candidata, aludindo a estudos prospetivos que apontam para que, “em 2050, toda a zona da praia de Faro” desapareça e “fique submersa”, e sejam também afetadas a zona ribeirinha, a Atalaia ou o próprio aeroporto.
No seu entender, não se pode “pensar Faro e não tomar isto em conta”, nem “pensar em fazer uma ponte de duas faixas para a praia de Faro” e não “fazer nada urgentemente para travar esta catástrofe anunciada”.
Divorciada, a viver em união de facto, com duas filhas e três netos, Elza Cunha dá ainda como exemplo negativo de projetos a desenvolver “a marina exterior de Faro aprovada pelo município”, criticando o facto de não haver uma “visão integrada” para a cidade.
As questões ambientais, as medidas sociais, como apoios que ajudem os munícipes a suportar os elevados custos da habitação no concelho, e a aposta na causa animal são matérias às quais o PAN quer dar destaque, juntamente com uma maior aposta nas energias renováveis e numa mobilidade que penalize as opções poluidoras.
Para isso, Elza Cunha defende a criação de um pelouro do Ambiente e de um atlas de risco das alterações climáticas, mas também a constituição de um “veterinário público, solidário, acessível”, para apoiar as associações protetoras de animais e os cuidadores de animais de rua que se substituem às responsabilidades que seriam do município.
A candidata lembrou que o mundo está em “contagem decrescente” até 2030 para o chamado “ponto de não retorno”, que é a subida da temperatura média planetária, sendo urgente intervir fenómenos extremos.
“Estamos a dar cabo dos poucos recursos naturais que temos, sabemos que os oceanos são retentores de dióxido de carbono e contribuem para a nossa atmosfera e para diminuir a poluição, e nós não podemos estar a destruir aquilo do qual dependemos. É por falta desta visão integrada que a candidatura do PAN à Câmara de Faro é urgente e eu não pude recusar a baixar os braços, como cidadã ativa, atenta e preocupada”, justificou.
Segundo a candidata, o PAN estará preparado para trabalhar de acordo com o voto de confiança que os cidadãos lhe derem em 26 de setembro, mas espera que a mensagem do partido possa chegar à abstenção, que são “pessoas desiludidas, desacreditadas, que acham que a política é uma coisa de que nem vale a pena falar”.
“Depois, os que nos quiserem dar o voto de confiança, sabemos estar à altura, seja da vereação, seja de ganhar a própria Câmara, porque sabemos o caminho e quando sabemos o caminho não nos desviamos dele”, assegurou a candidata, que se define como “uma defensora dos mais desfavorecidos, das pessoas, dos animais”.
Elza Cunha tem como adversários na corrida à Câmara de Faro o atual presidente da autarquia, Rogério Bacalhau (PSD/CDS-PP/IL/MPT/PPM), João Marques (PS), Catarina Marques (CDU – PCP/PEV), Aníbal Coutinho (BE) e Custódio Guerreiro (Chega).
Atualmente, a Câmara de Faro conta com uma maioria absoluta da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM, que venceu as eleições autárquicas em 2017 com 11.753 votos (43,94%), conquistando cinco dos nove eleitos em disputa, contra os 10.181 (38,06%) do PS, segunda força mais votada, que ficou com os restantes quatro.
A CDU ficou em terceiro lugar, com 1.975 votos e 7,38%, o BE em quarto, com 819 votos e 3,06%, o PAN em quinto, com 620 votos e 2,32%.