A Organização Mundial de Saúde estima que, anualmente, morram quinhentas mil pessoas afogadas (OMS, 2008). Estes dados excluem muitos países, como a África e a Ásia, onde existem poucos registos de óbitos e de situações de morte por afogamento por inundações e tsunamis. Uma vez que é impossível ter um nadador-salvador por cada plano de água existente, é fundamental criar uma consciencialização para as boas práticas e segurança em espaços aquáticos, que dependem de todos nós.
Como já referido em crónica anterior, define-se afogamento como “processo que resulta em insuficiência respiratória primária por imersão ou submersão em meio líquido”. É preciso dizer que esta definição não implica que o termo afogamento seja sinónimo de morte. Segundo o manual técnico do nadador-salvador, atualmente, as consequências de afogamento são classificadas por: morte (imediata ou após ressuscitação inicial), morbidez (sobrevivência com lesão permanente) ou ausência de morbidez (sobrevivência sem lesão).
Inicialmente, quando alguém se encontra numa situação de afogamento, interrompe voluntariamente a respiração e tenta, desesperadamente, nadar ou agarrar-se a algo. Momentos depois, surge a necessidade de respirar e, nesta fase, pode ocorrer uma ligeira aspiração de água pelas vias aéreas. Em consequência, surge a tosse como resposta reflexa. Caso não seja resgatada, a vítima que, voluntariamente, prendia a respiração passa a efetuar respirações involuntárias, aspirando grandes quantidades de água. A água nos pulmões contribui para a constrição das vias aéreas, dificulta a abertura dos alvéolos e a alteração da permeabilização dos capilares dos pulmões, provocando um extravasamento de líquidos para os alvéolos e consequente edema pulmonar. Esta situação faz com que haja diminuição da capacidade de expansão pulmonar e de impede as trocas gasosas normais. Os movimentos involuntários do diafragma promovem a aspiração de líquidos. Ocorre a inundação completa dos pulmões associada a uma perda de consciência, apneia e, consequentemente, a morte, caso o processo não seja interrompido.
Um organismo humano consegue sobreviver em situações adversas extremas até cerca de três minutos sem oxigénio, três horas sem proteção e abrigo, três dias sem água e três semanas sem comer.
No caso de presenciar um afogamento, é necessário acionar imediatamente os mecanismos de salvamento. Estes passam por chamar o nadador-salvador mais próximo para que o mesmo inicie o algoritmo de salvamento aquático: resgate da vítima para terra, e transporte para a zona de segurança definida, prestação de primeiros socorros e restabelecimento da respiração. Nos casos mais graves, o nadador-salvador iniciará as manobras de reanimação, enquanto aguarda por ajuda especializada.
Nunca se aventure a salvar alguém caso não tenha formação para tal, pois pode acabar sendo também uma vítima. Uma pessoa em situação de afogamento constitui uma vítima em desespero que, ao tentar salvar-se, pode tentar agarrá-lo e levá-lo para o fundo. Caso não tenha nadador-salvador no local onde se ocorre a situação de afogamento, ligue imediatamente para o 112 e peça ajuda. Aguarde no local até esta chegar.
Caso seja você a vítima, não tenha vergonha de pedir ajuda assim que sentir dificuldades ou cansaço. Faça-o antes que seja tarde demais. Virado para terra, peça ajuda à pessoa mais próxima, acene com um ou com os dois braços, até que o vejam. Procure manter-se calmo e a flutuar à superfície.
Evite nadar contra a corrente ou paralelamente à praia. Normalmente, os surfistas são os melhores amigos dos nadadores-salvadores.
Após um afogamento ou pré afogamento, a vítima deve ser avaliada num hospital, já que a água nos pulmões pode provocar um afogamento até 3 dias depois do acidente. Este tipo de afogamento designa-se por afogamento “seco” e os seus sintomas são dor no peito, sonolência e dificuldades em respirar.
A cadeia de sobrevivência no afogamento é um conjunto de procedimentos que visam melhorar significativamente as hipóteses de prevenção, sobrevivência e recuperação para as pessoas em potencial perigo no meio aquático. Estes passam pela prevenção, reconhecimento do afogado, prevenção da submersão, retirada da água e suporte básico de vida.
O que mais aconselho é um “Verão com Melão” com muita atenção!
Artigo publicado no âmbito da parceria entre o POSTAL e Filipe Lara Ramos ‘Verão com Melão’.
Esta rubrica destina-se a sensibilizar a população e fomentar a segurança nas praias durante a época balnear de 2017.
(NOTA: Os conselhos e indicações expressos neste artigo não dispensam o cumprimento pelos leitores das regras gerais de segurança nas praias e as indicações das autoridades competentes em cada zona balnear).