“Escrevo. Com uma necessidade louca de parir. Sem epidural, ferros ou ventosas. O que de mim nasce, arrasta consigo as entranhas do que sou”.
(Daniel Vicente)
Uma semana de férias. 7 dias. 7 vezes 24 horas (nem vou fazer as contas).
Libertei-me do trabalho. Mas não me libertei de mim.
Aliás perdi-me em mim.
Grande Fernando que já sentiste tudo antes mim… ” Fiz as malas e parti, mas esqueci-me de me deixar em casa”.
Pois é. Vim. E trouxe comigo todos os fantasmas. Reforçados pelo espaço que o mundo exterior deixou de ocupar.
Numa coisa eu sou diferente de ti Fernando. Eu quero outros na minha vida. As Ofélias não são cartas que se escrevem enquanto se olha pela janela. Não!
Sabes, passei demasiado tempo à janela. E tudo o que eu mais queria era ir jogar à bola com os outros meninos.
Hoje não posso mais. Não consigo sentir os comboios partir dentro da minha cabeça. Tenho de ir lá dentro. Tenho de procurar porque tenho de encontrar.
Não me vou dividir em outros para se eu. Não vou ser muitos para ser um,
A vida acontece e quero fazer parte dela. Quero vive-la.
E quero acreditar. Quero acreditar.
Gasto-me em palavras como tu fizeste.
E sim, também analiso o mundo real.
Condicionado pelo meu Tempo, como tu foste pelo teu,
Esquece os Impérios. O dinheiro ganhou e é ele que faz girar o mundo lá fora. Não são ilhas mais ao sul. Não há ilhas mais ao sul.
Toda a metafísica se resume ao dinheiro. Até para a filha da tua lavadeira.
Só mesmo as meninas sujas que comem chocolates são felizes. E cada vez deixam de ser meninas mais cedo.
Têm i-pads, i-fones, ai qualquer coisa…
Têm tudo o que precisam para se afastar dos outros. Do sentir puro e espontâneo.
E o Esteves….
Ah o Esteves.
O Esteves não virava a cabeça para dizer Bom Dia. Mandava um sms a caminho do Centro Comercial mais próximo.
Vou comprar um Chesterfield press azul.
Fica bem.