O PIB per capita é a média, por pessoa, da produção nacional que se obtém dividindo o PIB pelo número de pessoas residentes no país, como se todas as pessoas ganhassem o mesmo em todo o país durante um ano. Não é o ordenado médio em cada país, esse é outro valor. Trata-se apenas de um indicador que só serve para fazermos comparações internacionais. Como nós sabemos, se forem dois amigos a um restaurante, se um comer um frango e o outro não comer nada, em média comeram meio frango cada um.
O PIB pc é a relação entre o nível de produção e a população, pelo que a dimensão do país não importa, o que influi decisivamente é a produtividade e a competência dos governos para reestruturar a economia e impor uma melhor distribuição primária do rendimento entre os factores produtivos capital e trabalho.
Na tabela abaixo, podemos ver que Portugal e a Grécia têm um PIB pc muito inferior à média da UE, apesar de tudo, a Grécia com um PIB pc inferior a Portugal tem um salário mínimo de 683 €. A Irlanda teve um resgate ao mesmo tempo que Portugal e a Grécia, mas tem um PIB pc que é mais do dobro, pelo que tem salários mais altos e um nível de vida que não se compara. A diferença é resultante da produtividade motivada pelo apoio ao pequeno investimento, esse apoio não envolve dar subsídios, mas tão somente não torpedear, quem quer ter iniciativa, com múltiplas licenças que chegam a levar anos para serem concedidas e cobrança de taxas e impostos mesmo antes do início de actividade.
Por outro lado, temos um grupo de países onde o PIB pc é irrisório. Arrepio-me de pensar que aquelas pessoas vivem com cerca de dois euros em média por dia, porque na realidade a maior parte da população não ganha um euro por ano! Basta saber como vive a população na Guiné e comparar com o Burundi. Naqueles países existem algumas empresas e fortunas, surgidas em pouco tempo, que arrecadam toda a riqueza criada no país e que a seguir é colocada nos bancos da Europa, onde é utilizada para criar mais riqueza em vez de ser investida nos países de origem para os desenvolver e resgatar a população da miséria. É a contradição entre os interesses pessoais e os interesses do país neste modo de produção em que vivemos.
Não é por mero acaso que existe emigração maciça para os países ricos.
Os países pobres fazem um esforço titânico para os seus jovens serem formados nas universidades dos países ricos, mas depois são poucos os que regressam para ajudarem a desenvolver os seus países de origem, estes fazem a despesa, mas não têm o proveito do seu esforço.
Há estudos, desde há muitos anos, que mostram a discrepância do nível de vida entre países pobres e países ricos. A ONU e algumas das suas agências, apesar de apontarem soluções, não têm força para obrigar à implementação de políticas de correção da situação porque são os países ricos que mais contribuem financeiramente para a sua existência, no dia que deixarem de contribuir acaba a ONU. Essa ameaça tem existido por parte dos EU, só não aconteceu ainda porque a sede é em Nova Iorque e as verbas das contribuições de todos os países são gastas lá.
São muitos os mecanismos que conduzem à reprodução da pobreza. A riqueza reagrupa-se continuamente nas mãos de poucos, quer ao nível nacional quer ao nível internacional.
As elites políticas e económicas não abdicam de ser elites mesmo que tenham que escravizar a maior parte da humanidade. A consciência só existe na cabeça dos pobres!