O pedido de fatura com número de contribuinte tornou-se um gesto rotineiro entre os consumidores portugueses, associado à ideia de que cada despesa pode representar um desconto no IRS. O processo é simples: ao indicar o Número de Identificação Fiscal (NIF), a compra fica registada no portal das Finanças e pode originar deduções fiscais no final do ano. No entanto, nem todas as faturas têm efeito prático. Existem limites específicos por categoria e, uma vez atingidos, continuar a pedir faturas deixa de gerar vantagens adicionais.
Manter o hábito de associar o NIF às despesas continua a ser relevante, sobretudo nas áreas em que há benefícios fiscais diretos. Ainda assim, há casos em que o impacto é nulo, mesmo que o registo seja efetuado corretamente.
Quando pedir compensa
Áreas como saúde, educação, restauração, oficinas, cabeleireiros e lares continuam entre as que permitem deduções mais significativas no IRS. Nestes casos, pedir fatura com número de contribuinte é essencial. De acordo com a empresa de contabilidade Best Value, cada categoria tem um limite anual definido: 1.000 euros em despesas de saúde, 800 euros em educação, 296 euros em habitação, 403,75 euros em lares, 250 euros em ginásios e 250 euros em despesas gerais familiares.
A mesma empresa acrescenta que, além destas deduções, é ainda possível recuperar 15% do IVA em áreas, como transportes públicos, alojamento, restauração e oficinas, o que representa um incentivo adicional à solicitação de faturas.
Quando pedir deixa de ter efeito
Já em compras de vestuário, eletrodomésticos ou produtos tecnológicos, o benefício fiscal resume-se à dedução geral de 250 euros por agregado familiar, um valor que tende a ser atingido rapidamente. A partir desse ponto, pedir mais faturas com NIF já não altera a dedução final.
Além disso, algumas categorias específicas, como os combustíveis, obedecem a regras próprias e possuem limites particulares definidos pela Autoridade Tributária.
O papel do pedido de fatura no sistema fiscal
Segundo a Best Value, o registo de faturas com número de contribuinte não tem como objetivo o controlo detalhado das despesas dos cidadãos, mas sim o combate à evasão fiscal e à economia paralela. Este mecanismo contribui para uma maior transparência e equilíbrio no sistema tributário.
A mesma fonte recorda ainda que nenhum comerciante pode recusar a emissão de uma fatura com NIF. Caso o documento tenha sido emitido sem o número de contribuinte, é sempre possível anulá-lo e emitir um novo. Pedir fatura é, assim, um gesto que, além de poder beneficiar o consumidor, reforça a integridade do sistema fiscal, mesmo quando não resulta em qualquer ganho direto.
Todos os portugueses têm de ter NIF
De salientar que todos os portugueses necessitam de possuir um NIF, pois é obrigatório para realizar compras, celebrar contratos ou abrir contas bancárias. Quem já tem Cartão de Cidadão recebe o NIF automaticamente, garantindo que todos os cidadãos estão identificados perante a administração fiscal.