A permanência prolongada na cama, normalmente associada a doença ou repouso forçado, poderá agora ter um propósito científico e uma compensação financeira relevante. A Agência Espacial Europeia (ESA) procura voluntários para um estudo que envolve permanecer deitado durante dez dias consecutivos, num ambiente controlado, com o objectivo de analisar os efeitos da microgravidade no corpo humano.
De acordo com os dados divulgados pela própria ESA, os participantes nesta experiência receberão mais de 4.000 euros.
A investigação pretende simular as condições vividas pelos astronautas durante as missões em ambiente de gravidade reduzida, como ocorre a bordo da Estação Espacial Internacional.
Simulação do ambiente espacial em contexto terrestre
Durante os dez dias da experiência, os voluntários permanecerão submersos até ao tronco em banheiras cobertas com tecido impermeável.
Esta metodologia visa reproduzir a sensação de flutuação e imobilidade, típica dos voos espaciais.
Os participantes deverão cumprir um conjunto de regras rigorosas, entre as quais se inclui a proibição de se levantarem durante o período de teste.
A deslocação para a casa de banho será feita com recurso a um carrinho adaptado, e todas as refeições serão consumidas de forma reclinada, utilizando uma prancheta flutuante e apoio de pescoço.
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Avaliação médica e impacto fisiológico
Ao longo do estudo, serão realizados diversos testes médicos com o intuito de avaliar alterações ao nível do sistema muscular, ósseo e circulatório.
A ESA procura compreender como o corpo humano responde à ausência de gravidade — informação crucial para melhorar as condições de saúde dos astronautas em missão.
Além da vertente espacial, o estudo poderá ter aplicações na medicina terrestre, nomeadamente em doentes acamados por longos períodos, idosos ou pacientes com patologias musculoesqueléticas.
Critérios de selecção e uniformidade dos dados
A agência sublinha que, para efeitos de uniformização dos resultados, o estudo será, nesta fase, restrito a voluntários do sexo masculino.
A padronização das variáveis fisiológicas é considerada essencial para garantir a validade dos dados recolhidos.
Durante o ensaio, a permanência no ambiente de teste será de 21 dias, apesar dos 10 dias de imobilização serem o foco principal da análise.
Estão vedadas visitas externas e deslocações fora da zona do estudo.
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