Fez ontem uma semana que Jacques Delors morreu, ou seja, no passado dia 27/12/2023, aos 98 anos. Durante estes dias leram-se palavras de apreço por parte de governantes, líderes políticos e de amigos nas Redes Sociais. Palavras como “visionário”, “lutador”, “um gigante”, “grande impulsionador” e “vulto da história contemporânea” foram das palavras mais vezes referidas.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no X (antigo Twitter) escreveu que Jacques Delors foi “um visionário que tornou a nossa Europa mais forte” e cujo “trabalho (…) moldou gerações inteiras de europeus”. E ainda acrescentou “O trabalho da sua vida é uma União Europeia unida, dinâmica e próspera (…). Vamos honrar o seu legado renovando constantemente a nossa Europa”.
Sem dúvida que Jacques Delors tinha uma visão que o movia e o propósito de deixar o mundo melhor. Creio que morrer deixando um legado e um testemunho de vida é o que move os seres humanos.
Em 2012 foi atribuído o prémio Nobel da Paz à União Europeia pelo seu contributo para a paz e a reconciliação, a democracia e os direitos humanos.
Jacques Delors afirmou na altura a mensagem política e moral do prémio na medida em que reconhece países, que renunciando a atitudes do passado, fizeram a paz entre eles.
Referiu também que “este prémio mostra que os valores da solidariedade e da confiança podem levar a um mundo melhor”.
A melhor homenagem que pode ser prestada a Delors é que a União Europeia seja um espaço de cultura de paz, em que se preservem os valores imateriais da sua construção, que são a solidariedade, a segurança e a diversidade.
O certo é que vivemos num mundo cada vez mais globalizado e competitivo, com guerras em aberto. Todos os dias recebemos imagens de conflitos que nos fazem ver o quanto a estabilidade está cada vez mais ameaçada.
A história da Europa é a história dos seus extremos, tanto foi o berço dos direitos humanos como foi o albergue de devastadoras intolerâncias.
Para além do conhecido papel político, económico e comunitário, Jacques Delors teve um papel relevante na Europa a nível educacional.
Estudou Economia na Sorbonne e em 1981 foi nomeado ministro da Economia e das Finanças do seu país.
Entre 1985 e 1995 presidiu à Comissão Europeia e contribuiu para a implementação de uma série de medidas fundamentais para a criação, em 1992, da União Europeia (UE).
Em 1993 foi convidado a presidir à Comissão Internacional de Educação para o Séc. XXI. Dessa Comissão saiu um relatório para a UNESCO, tendo sido Jacques Delors organizador e autor. O título que deu a esse importante documento foi:
Educação, um Tesouro a descobrir publicado em 1999 e no qual se exploram Quatro
Pilares da Educação ou Pilares do Conhecimento.
O quarto capítulo do relatório, transformado em livro, é dedicado aos referidos quatro pilares onde se propõe uma educação direccionada para quatro aspectos fundamentais:
– aprender a conhecer
– aprender a fazer
– aprender a viver com os outros
– aprender a ser
No desenvolvimento de cada pilar está a aprendizagem como uma riqueza fundamental. O conhecimento deve ser a chave que levará à compreensão de aspectos cruciais tais como percebermos quem somos, compreendendo-nos a nós próprios e aos outros.
Aprender a viver e a conviver com os outros talvez seja o maior desafio dentro dos pilares apresentados. A maior parte da história da humanidade é marcada por guerras e conflitos resultantes da dificuldade de convivência entre grupos, tal como da dificuldade de resolução de conflitos de forma não violenta.
O desafio cada vez maior é construir uma educação que estimule a convivência entre diferentes grupos e ensiná-los a lidar com a diferença de forma pacífica.
A construção de uma cultura de paz em que haja capacidade de viver e conviver com os outros, tem de fazer parte do dia-a-dia, não pode ser uma teoria. Até porque a guerra está aí, na prática!
*A autora escreve de acordo com a antiga ortografia
Leia também: Jacques Delors, a Europa e os Pilares do Conhecimento
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