José Lopes, conhecido como o Gigante dos Farelos, nasceu a 13 de fevereiro de 1889 no monte dos Farelos, uma localidade do concelho de Alcoutim, no nordeste algarvio. Filho de António Lopes e Rita Bento, desde cedo chamou a atenção pela desproporcionalidade do seu corpo, desenvolvendo dimensões físicas fora do comum que marcaram para sempre a sua breve existência.
Desde criança, José destacava-se entre os habitantes da sua aldeia. A tradição popular atribui o seu crescimento extraordinário a um “castigo divino”, pois, em solteira, a sua mãe teria afirmado durante a monda que desejava ter um filho gigante. Esta crença, alimentada pelo imaginário coletivo da época, acompanhou-o durante a vida e encheu de mistério a sua figura.
A notoriedade do Gigante
José Lopes cresceu até atingir os 2 metros e 45 centímetros de altura, uma estatura notável mesmo nos dias de hoje. O seu corpo ‘magro e rude’ era composto por braços de 93 centímetros, mãos de 35 centímetros e pés com impressionantes 45 centímetros de comprimento. Tais dimensões eram motivo de espanto para adultos e de temor para as crianças, que fugiam à sua passagem. Até os cães, segundo os relatos, reagiam com agressividade ao vê-lo, ladrando-lhe incessantemente.
A juventude de José foi marcada por dificuldades e isolamento. Sem poder dedicar-se às tarefas comuns do campo, como agarrar no arado ou colher ervas para os animais, viu-se obrigado a seguir um destino singular. Ainda jovem, começou a percorrer mercados e feiras por Portugal e até em Espanha, onde esteve cerca de dez meses em exibição. Em feiras como a de Castro e Praia, pagava-se para o ver: 50 réis para adultos e 30 réis para crianças e militares sem graduação.
O peso do gigante
Apesar da atenção que recebia, o Gigante dos Farelos carregava consigo uma expressão triste e resignada, como quem carrega o peso do próprio corpo e da própria existência. O seu olhar refletia uma angústia profunda, talvez por prever que a sua vida seria curta. Sabia, segundo a tradição oral, que a morte chegaria quando parasse de crescer.
Durante algum tempo, trabalhou nas minas de São Domingos, onde se diz que empurrava os “zorrinhos” de transporte de joelhos.
O fim de uma vida extraordinária
José Lopes morreu a 17 de dezembro de 1914, aos 25 anos, consumido por uma agonia prolongada e consciente de que o fim estava próximo. Faleceu no enorme leito de ferro onde tentava descansar, acompanhado pela dor e pelo inevitável destino que o marcou desde o nascimento.
A sua história, embora breve, ecoa como um retrato de uma época marcada por tradições, superstições e curiosidade. O Gigante dos Farelos tornou-se uma figura lendária na freguesia de Giões e no Algarve, onde o seu nome ainda é lembrado.
Para saber mais sobre José Lopes, pode assistir ao seguinte vídeo:
Dimensões corporais
- Altura: 245 cm
- Braço: 93 cm
- Mão: 35 cm
- Pé: 45 cm
José Lopes deixou uma marca indelével na memória coletiva da região. Mais do que o homem mais alto do seu tempo, foi um símbolo de resistência e humanidade num corpo demasiado grande para a realidade que o viu nascer.
Leia também: Fica a duas horas do Algarve uma das cidades mais baratas para visitar mesmo na época alta