O vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis disse, esta segunda-feira, que as interconexões elétricas entre França e a Península Ibérica são muito limitadas e têm de “claramente ser melhoradas”, apelando a estes investimentos para garantir segurança energética.
“Sabemos que as interconexões entre França e Espanha e do ponto de vista de toda a Península Ibérica são muito limitadas e claramente têm de ser melhoradas”, afirmou Valdis Dombrovskis.
Em entrevista a um pequeno grupo de meios europeus em Bruxelas, incluindo a Agência Lusa, o responsável no executivo comunitário pela pasta de “Uma economia que funciona para as pessoas” acrescentou que “claramente este é um elemento” a ter em conta no que toca a investimentos energéticos, embora nas recomendações por país na área da energia, publicadas esta segunda-feira no âmbito do «pacote da primavera» do semestre europeu de coordenação de políticas económicas e orçamentais, “não sejam mencionados projetos específicos”.
“Mas claramente Portugal e Espanha precisam desta capacidade de interligação”, vincou Valdis Dombrovskis.
Nas recomendações feitas a Portugal, divulgadas esta segunda-feira, a Comissão Europeia recomenda que Portugal “reforce o quadro de incentivos aos investimentos em eficiência energética nos edifícios” e ainda “aumente as interconexões de eletricidade”, projeto que se fala há vários anos, mas que tem contado com a oposição de França, que está a mudar de posição.
Além disso, Bruxelas aconselha o país a “reduzir a dependência global dos combustíveis fósseis, incluindo no setor dos transportes”, bem como a “acelerar a implantação de energias renováveis através da melhoria das redes de transmissão e distribuição de eletricidade, permitindo investimentos no armazenamento de eletricidade e na racionalização dos procedimentos de licenciamento para permitir um maior desenvolvimento da energia eólica, particularmente ‘offshore’, e da produção de eletricidade solar”.
Na comunicação sobre o «pacote da primavera» do semestre europeu, a instituição destaca que “o investimento em infraestruturas energéticas, incluindo num contexto transfronteiriço, será também necessário para diversificar as fontes de fornecimento de energia, com ênfase na energia limpa e para garantir a segurança energética”.
“Em particular, o desenvolvimento de interligações transfronteiriças contribuirá para aumentar a segurança do aprovisionamento, na medida em que dá aos Estados-membros acesso a fontes de energia adicionais e mais diversificadas e aumenta a flexibilidade e a resiliência dos seus mercados energéticos”, vinca Bruxelas, apelando que os países “mobilizem todas as fontes de financiamento públicas e privadas disponíveis para financiar estes investimentos”.
Estas recomendações estão em linha com o REPowerEU, o plano divulgado por Bruxelas na passada quarta-feira para aumentar a resiliência do sistema energético europeu e tornar a Europa independente dos combustíveis fósseis russos antes de 2030, no seguimento da guerra da Ucrânia e dos problemas no abastecimento.
No documento, o executivo comunitário defendeu que os atuais preços elevados da eletricidade na Península Ibérica “sublinham a necessidade” de construir interconexões, integradas num investimento adicional estimado de 29 mil milhões de euros na rede elétrica europeia até 2030.
Bruxelas garantiu que irá “apoiar e encorajar as autoridades espanholas e francesas a acelerar a implementação dos três projetos de interesse comum existentes através do Grupo de Alto Nível Sudoeste Europeu, com o objetivo de aumentar a capacidade de interligação entre a Península Ibérica e a França”.