O presidente da Junta de Freguesia de Ferragudo (Lagoa), Luís Alberto, defendeu esta terça-feira a necessidade de a operação prevista para o porto de cruzeiros de Portimão ser submetida a um estudo de viabilidade económico-financeira.
Luís Alberto é o porta-voz de uma petição lançada em 2020 contra o aumento da capacidade do porto de cruzeiros de Portimão, que conta com mais de 4.000 signatários, e pretende ver acautelados aspetos como a preservação dos valores naturais e paisagísticos da margem esquerda da foz do rio Arade, assim como os meios económicos para o efeito.
A mesma fonte reconheceu que, desde 2020, já foi possível ver algumas das preocupações dos peticionários resolvidas, como a preservação de achados arqueológicos ou a realização de duas avaliações de impacte ambiental para a dragagem e aprofundamento de canais de navegação no rio, mas considerou necessário estudar a própria operação de cruzeiros.
“Houve a primeira avaliação [de impacte ambiental], que teve parecer negativo, e depois a segunda teve parecer positivo condicionado e já veio agregar muito mais coisas que não estavam inicialmente em 2020, quando começámos com a petição”, afirmou o autarca, que na passada sexta-feira representou os peticionários durante uma audição na comissão de Obras Públicas da Assembleia da República.
Apesar destes avanços, os peticionários continuam a “defender que falta um estudo de viabilidade económico-financeira” da operação de cruzeiros, disse o presidente da Junta de Freguesia de Ferragudo, no concelho de Lagoa, distrito de Faro, esclarecendo que “ninguém é contra o alargamento do canal, porque um rio que não é desassoreado e de onde não são retirados os sedimentos, é um rio morto”.
Vários portos internacionais estão a diminuir o número de cruzeiros por questões ambientais
Luís Alberto observou que vários portos internacionais estão “a diminuir o número de cruzeiros que estão a aportar” por questões ambientais e defendeu que isso “também devia ser equacionado neste caso”, assim como a instalação de um equipamento ‘shore to ship’, que está previsto até 2030 e permite ao porto fornecer energia ao navio, evitando que os motores estejam continuamente a trabalhar enquanto estão atracados.
Segundo o autarca, devia-se também “cercear uma série de cruzeiros que não tenham ou não sejam ambientalmente sustentáveis” e fazer um estudo de impacte ambiental para a operação do porto de cruzeiros e não só para este aprofundamento e alargamento do canal de navegação.
“Isto evoluiu muito em dois anos, em dois anos conseguiu-se – não só com esta petição, mas com o trabalho da Junta de Freguesia de Ferragudo e da Câmara Municipal [de Lagoa] – diminuir o tamanho dos cruzeiros que eram para entrar aqui”, realçou o presidente da Junta de Ferragudo, localidade que se encontra na margem do rio Arade em frente a Portimão.
Luís Alberto afirmou que, neste momento, no porto de Portimão, podem entrar [navios] até 230 metros de comprimento, enquanto em 2020 o projeto previa 334 metros de comprimento e duas bacias de manobra, uma em frente à praia Grande e outra em frente ao porto, de 500 metros.
“O atual projeto já não tem a primeira bacia de manobra em frente à praia Grande, já tem uma zona de desaceleração, e já contempla um reequacionamento da outra bacia”, exemplificou, acrescentando que “os navios de cruzeiro a entrar no porto terão só 272 metros de comprimento, ou seja, mais cerca de 40 metros do que os atuais”.
O presidente da Junta de Freguesia disse também que é necessário que a margem esquerda do rio “não seja betonizada”, nem seja afetada a “naturalização” do entorno, e espera que a administração dos portos de Sines e do Algarve, como responsável pela exploração do porto, avance com as medidas necessárias para dar resposta a estas preocupações.