Em algum momento, todos já sentimos a necessidade de recorrer a um crédito, seja para adquirir uma casa, um carro ou até mesmo um computador. Até o uso de um cartão de crédito implica o recurso a crédito. Mas, afinal, o que é o crédito? Que tipos de crédito existem? Onde posso pedir um crédito? E o que devo ter em conta antes de pedir um? Estas são algumas das questões mais frequentes, e vamos tentar esclarecê-las mais à frente neste artigo, que conta com a colaboração do Ekonomista.
Em termos financeiros, o crédito é o pedido de uma determinada quantia de dinheiro (com uma finalidade específica) a uma instituição de crédito. Ao pedir o mesmo, esse montante é devolvido de forma faseada, de acordo com o plano de pagamento de capital e juros, previamente acordado entre o cliente e a instituição.
Ao pedir um crédito, este formaliza-se através de um contrato entre o cliente e a instituição financeira. Em alguns casos, pode ser exigida uma garantia, como acontece no crédito à habitação, em que a casa fica como garantia de pagamento.
Apenas as instituições de crédito e certas sociedades financeiras, registadas no Banco de Portugal, estão autorizadas a conceder crédito. Também é possível recorrer a intermediários de crédito, mas estes apenas atuam como mediadores entre o cliente e a instituição financeira. Eles não podem conceder crédito diretamente nem comercializar produtos financeiros.
Os intermediários de crédito podem ser empresas ou pessoas individuais, como stands de automóveis ou lojas de eletrodomésticos. Antes de negociar com um intermediário, certifique-se de que está autorizado pelo Banco de Portugal para evitar fraudes.
O crédito pode ser classificado de várias formas, dependendo do objetivo, montante e garantias associadas. Adiante, falar-lhe-emos de cada uma delas em particular, facilitando a sua tarefa no momento de pedir um.
- Crédito Pessoal
Este tipo de crédito é usado para financiar a compra de bens de consumo, como computadores, viagens, educação ou saúde. Pode também pedir o mesmo sem uma finalidade específica. Os montantes variam entre 200 e 75 mil euros, com prazos e reembolsos definidos à partida.
2. Crédito automóvel
Destinado à compra de veículos novos ou usados, este crédito também pode incluir leasing ou aluguer de longa duração (ALD). Tal como o crédito pessoal, o montante, prazo e reembolso são definidos no início.
3. Crédito renovável (revolving)
Neste tipo de crédito, estabelece-se um limite máximo (plafond), que pode ser utilizado repetidamente à medida que o saldo em dívida vai sendo reembolsado. Os cartões de crédito e a conta-ordenado são exemplos deste tipo de crédito. No caso de não pagar a totalidade do montante em dívida, serão cobrados juros sobre o valor em falta.
4. Ultrapassagem de crédito
A ultrapassagem de crédito ocorre quando o banco permite, de forma pontual, que o cliente utilize mais do que o saldo disponível na conta. Esta possibilidade está prevista no contrato e, sobre o montante em dívida, incidem juros, embora não sejam cobradas comissões.
5. Linha de crédito e conta corrente
Ambos estabelecem um limite de crédito, que pode ser disponibilizado a pedido do cliente. A principal diferença está no prazo: enquanto a linha de crédito é indefinida, a conta corrente tem um prazo fixo. Estes produtos não são muito comuns nos bancos atualmente.
6. Crédito para obras
Este crédito destina-se à realização de obras em imóveis, sem garantia hipotecária, mesmo que o montante seja superior a 75 mil euros.
7. Contrato de conversão de dívidas
É um contrato celebrado entre o banco e o cliente para renegociar créditos anteriores, ajustando condições como o prazo ou os valores a pagar mensalmente.
8. Crédito consolidado
Este crédito é utilizado para quem tem vários créditos em incumprimento ou em risco de entrar em incumprimento. Após uma avaliação financeira, é concedido um novo crédito para pagar os anteriores, ajustando o valor das prestações a uma quantia que o cliente possa suportar.
Crédito à habitação
É um dos créditos mais procurados, geralmente com prazos longos, onde a hipoteca da casa serve como garantia. Este tipo de crédito destina-se à compra, construção ou manutenção de habitação, seja para residência própria, secundária ou para arrendamento.
Antes de solicitar um crédito, é importante avaliar a sua taxa de esforço, que representa a percentagem do rendimento mensal destinado ao pagamento de créditos. Idealmente, esta taxa não deve ultrapassar os 30%. Para calcular a taxa de esforço, some todos os seus pagamentos mensais de créditos e divida pelo total dos rendimentos do seu agregado familiar.
Tenha ainda em atenção as características do crédito que pretende pedir. Existem diferentes condições e custos associados a cada tipo, por isso, escolher o mais adequado à sua situação é fundamental.
Mesmo com uma taxa de esforço adequada, o banco pode recusar o pedido de crédito. A instituição irá avaliar a sua capacidade financeira atual e futura, incluindo situações como a reforma ou eventuais aumentos de taxas de juro.
O Banco de Portugal regista todos os créditos na Central de Responsabilidades de Crédito, onde pode consultar a sua situação financeira. Ao pedir um crédito, as instituições consultam este registo para avaliar a sua capacidade de endividamento.
Pedir crédito é assumir um compromisso, por isso, informe-se junto da instituição financeira ou intermediário sobre todos os detalhes e responsabilidades. Se surgir algum risco de incumprimento, entre em contacto com o banco para encontrar uma solução.
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