O preço continua a ser o fator mais decisivo na escolha de um eletrodoméstico, mas o desempenho energético, face à escalada dos custos da energia, está a ganhar peso nas escolhas dos consumidores, especialmente nas máquinas da roupa e frigoríficos.
“Máquinas de lavar roupa e frigoríficos são os principais equipamentos onde a eficiência energética é muito escrutinada pelos consumidores porque, de facto, têm um uso bastante intensivo”, explicou o responsável pela sustentabilidade da marca de retalho especializado Worten, Mário Costa, em declarações à Lusa.
Numa casa, o frigorífico está ligado 24 horas por dia e, tal como as máquinas de lavar roupa e loiça, usadas com bastante frequência pelas famílias, têm grande peso na fatura de eletricidade.
“Por isso, são equipamentos a que os consumidores, naturalmente, estão mais atentos e pedem mais ajuda [aos vendedores] para encontrar um equilíbrio que lhes seja favorável”, entre o preço de compra do equipamento e o custo de energia que vai implicar o seu uso, explicou o responsável da marca do grupo Sonae.
Mas é o preço o fator mais importante na escolha do consumidor, destaca Mário Costa, nomeadamente por causa “da atual pressão que existe a nível de valor disponível na carteira” dos consumidores, embora reconheça que há cada vez mais preocupação dos consumidores com o ambiente, em particular com a sustentabilidade, especialmente as gerações mais novas.
A etiqueta energética é o que caracteriza o desempenho energético do equipamento e permite ao cliente aferir quanto vai gastar de energia com o seu uso, sabendo que um produto com a classificação A é o que gasta menos energia e o da classificação G é o menos eficiente, gastando mais.
A escala de desempenho energético entre A e G usada para máquinas de lavar louça e roupa, aparelhos de refrigeração e televisores está em vigor há pouco mais de um ano, desde março de 2021, e veio substituir a anterior baseada nas classes A+, A++ e A+++.
“Este reescalonamento da escala cria atualmente alguma confusão nos consumidores”, constatou Mário Costa, explicando que a nomenclatura anterior estava muito enraizada no consumidor, mas reconhecendo os benefícios da alteração da escala, uma medida decidida pela Comissão Europeia visando garantir um salto tecnológico em direção à eficiência energética.
Na antiga escala das classes A+, A++ e A+++ acontecia, num grupo de 15 produtos semelhantes vendidos, 12 terem a mesma classificação, o que criava dificuldades em conseguir diferenciar o desempenho energético dos vários equipamentos e não garantia uma evolução em termos de desempenho energético futuro dos equipamentos.
Com a atual escala de A a G, um equipamento antes classificado como a categoria mais eficiente de A+++ pode agora integrar a categoria B, embora o consumo de energia seja o mesmo, porque os critérios são mais apertados para chegar a um consumo mais eficiente.
“Estamos numa fase de adaptação” à nova listagem de categorias energéticas, afirmou o responsável pela sustentabilidade na Worten, lembrando estarem previstas mais alterações de escalas em outros produtos, visando garantir um aumento da eficiência energética de mais equipamentos.
A Direção-geral de Energia e geologia (DGEC), numa resposta à Lusa, lembra que uma etiqueta energética não é uma “certificação”, mas sim uma obrigação regulamentada, em legislação quadro e específica por produto, que vincula quem coloca esses produtos no mercados, ou seja os fornecedores (fabricantes, mandatários e importadores) ou quem, não sendo fornecedor, coloque no mercado produtos com marca própria.
“A perceção dos consumidores é mais facilitada quando estamos a falar de eletrodomésticos mas para casos mais complexos o papel das cadeias de distribuição tem uma importância acrescida no esclarecimento e ajuda ao consumidor final”, afirma Paula Cristina Gomes da Direção de Serviços de Sustentabilidade Energética da DGEG.