João Rendeiro foi condenado pela justiça portuguesa pelos crimes de falsidade informática, burla, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Mas não foi o único banqueiro a ser julgado pelos seus delitos. Por cá, Ricardo Salgado, José Oliveira e Costa, Armando Vara ou, lá fora, Bernard Madoff, Kareem Serageldin e Rodrigo Rato também cometeram crimes financeiros e foram condenados por isso, mas nem todos cumpriram pena de prisão.
RICARDO SALGADO, EX-PRESIDENTE DO BES
A 7 de março, Ricardo Salgado, em tempos conhecido como o “Dono Disto Tudo”, foi condenado a seis anos de prisão efetiva no julgamento de um processo extraído da Operação Marquês. Além deste, o antigo presidente do BES está envolvido em mais três processos-crime à conta do Ministério Público (MP): Monte Branco, Universo Espírito Santo e CMEC.
No total, o ex-banqueiro esteve mais de 20 anos na liderança do BES, tendo sido acusado pelo MP de 65 crimes. Entre os quais associação criminosa (um), burla qualificada (29), corrupção ativa (12), branqueamento de capitais (sete), falsificação de documento (nove), infidelidade (cinco) e manipulação de mercado (dois). Ricardo Salgado é o principal dos 30 arguidos do processo BES, cuja fase de instrução começou a 26 de abril, após vários adiamentos.
JOSÉ OLIVEIRA E COSTA, EX-PRESIDENTE DO BPN
O fundador e ex-presidente do BPN foi condenado em 2017 pelos crimes de burla qualificada, abuso de confiança e fraude fiscal, a uma pena de prisão de 14 anos. Mas como o Tribunal da Relação se esqueceu de um crime, a pena aumentou para 15 anos.
José Oliveira e Costa foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco Silva. Em 1998 assumiu a presidência do BPN, em 2008 foi detido por suspeitas de burla, abuso de confiança e fraude fiscal (entre outros crimes) e em 2017 acabou então condenado. Faleceu no dia 10 de março de 2020, em casa.
ARMANDO VARA, EX-ADMINISTRADOR DA CGD E BCP
O antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos e do BCP esteve detido no Estabelecimento Prisional de Évora entre 16 de janeiro de 2019 e 11 de outubro de 2021, no âmbito do processo “Face Oculta”. Foi dado como provado que Armando Vara recebeu 25 mil euros do sucateiro Manuel Godinho para beneficiar este grupo empresarial privado em negócios com empresas do sector do Estado. Foi condenado por três crimes de tráfico de influência, mas não cumpriu a sentença completa de cinco anos.
Armando Vara foi secretário de Estado da Administração Interna (1995-97) no primeiro Governo de António Guterres, e depois secretário de Estado-adjunto do ministro da Administração Interna. Em 2000, foi ministro da Juventude e do Desporto. Cinco anos depois, é nomeado administrador da Caixa Geral de Depósitos e em 2008 integra a administração do BCP.
BERNARD MADOFF, EX-PRESIDENTE DA BERNARD L. MADOFF INVESTMENT SECURITIES
É considerado o autor da maior fraude de sempre. Bernie Madoff foi condenado em 2009 a 150 anos de prisão, na sequência da descoberta de um esquema de pirâmide no valor de 65 mil milhões de dólares (62,4 mil milhões de euros) levado a cabo pela sua empresa, a Bernard L. Madoff Investment Securities. Este esquema fez com que milhares de pessoas perdessem as suas poupanças.
Aos 81 anos, Madoff pediu a libertação antecipada da prisão por estar a morrer de insuficiência renal. Antes disso, já tinha pedido uma redução da pena ao Presidente Donald Trump. Nenhum dos pedidos foi atendido e o investidor norte-americano acabou por falecer a 14 de abril de 2021, com 82 anos, na prisão federal de Butner, na Carolina do Norte.
KAREEM SERAGELDIN, EX-BANQUEIRO DO CREDIT SUISSE
É o único banqueiro dos Estados Unidos que foi condenado e preso por ações negligentes que conduziram à crise financeira do “subprime”, que rebentou em 2008. Kareem Serageldin, o antigo responsável da unidade de negociação de créditos estruturados do Credit Suisse, foi detido em setembro de 2012 após ser acusado de fraude num processo relativo a obrigações hipotecárias.
Um ano depois, Kareem Serageldin confessou-se culpado de falsificar registos do Credit Suisse, fazendo com que o valor dos títulos parecesse mais valioso do que era na realidade. O ex-banqueiro norte-americano pagou uma compensação de milhões de euros ao Credit Suisse e cumpriu a pena de prisão no Moshannon Valley Correctional Center, tendo sido libertado em março de 2016.
RODRIGO RATO, EX-PRESIDENTE DO BANKIA
Em 2017, o antigo ministro da Economia de Espanha e ex-diretor-geral do FMI foi condenado pelo desvio de fundos da Caja Madrid (atual Bankia), banco ao qual presidiu entre 2010 e 2012. Rodrigo Rato foi condenado a quatro anos e meio de prisão pelo envolvimento no escândalo financeiro dos “cartões black” do seu banco.
Em fevereiro do ano passado, a Justiça espanhola autorizou o ex-presidente do Bankia a cumprir a pena em liberdade condicional, por ser “septuagenário” e, na altura, ter entrado na prisão “voluntariamente”. Desde outubro de 2020 que Rodrigo Rato cumpria um regime de semiliberdade e era controlado através de pulseira eletrónica.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL